Dados de uma pesquisa realizada pelo C6 Bank/Datafolha mostrou como tem sido a relação dos jovens com o dinheiro. A análise aponta uma vontade entre metade deles: a de empreender. Segundo o estudo, 50% dos adolescentes na faixa etária de 12 a 17 anos usariam o dinheiro de um empréstimo para abrir uma empresa. Investir em um negócio próprio para conseguir independência financeira seria a principal razão para assumirem uma dívida.
Mas abrir um empreendimento é, de fato, conquistar essa liberdade? A economista Gabriele Couto afirma que sim. “Esse, inclusive, é o motivo que leva muitos brasileiros a empreender. Contudo, chegar à autonomia financeira dependerá do sucesso desse negócio. Por isso, a pessoa deve pensar muito antes de dar início a uma ideia. É preciso saber onde quer atuar, buscar compreender como funciona aquele mercado, ter um planejamento financeiro, investir em marketing, decidir questões burocráticas, etc. Tudo o que é importante para o funcionamento pleno de um empreendimento”.
Para ela, o ideal é começar um novo negócio da forma mais enxuta possível. Neste sentido, um empréstimo pode não ser uma boa ideia. “Faça um planejamento onde solicitar crédito no mercado não seja necessário. Se de tudo não for possível, essa será uma alternativa. Mas, é importante avaliar a viabilidade daquele negócio e já incluir, desde o início, o gasto com as parcelas para quitação do valor”.
O professor de economia Mathias Naganuma aponta que o planejamento estratégico de uma nova empresa deve ser sólido. “Preferencialmente com provisionamento financeiro para, no mínimo, 2 anos de operações, período em que a maioria fecha as portas. No caso daqueles que optam pelo empréstimo para começar um empreendimento, é preciso ter claro que a empresa já inicia suas operações com uma despesa fixa mensal a mais, ou seja, aumenta-se substancialmente o risco do negócio.
Esse foi um risco que o empresário Victor Mendes correu. Ele ficou desempregado no início da pandemia e, com a dificuldade de conseguir recolocação, decidiu empreender. “A qualidade de vida de ter um negócio próprio também me atraiu. Decidi abrir um açaí na minha garagem. Com parte do meu acerto, reformei o espaço e transformei em uma loja. Pedi um empréstimo que foi todo usado para comprar equipamentos e suprimentos para que a loja funcionasse por um ano, com exceção das coisas perecíveis. Meu negócio está entrando no sétimo mês com sucesso de vendas. Estou conseguindo honrar com todas as despesas da loja e, também, do empréstimo. Estou feliz por ter tomado essa decisão”.
Situações como essa, na opinião de Naganuma, são comuns no país. “O brasileiro sempre teve um espírito empreendedor e criativo, no entanto, a ideia do próprio negócio tem aumentado cada vez mais em virtude de legislações que propiciaram maior facilidade de acesso ao crédito. Outro aspecto que impulsionou o crescimento de se ter o próprio negócio é advindo da COVID-19 que deixou milhões de brasileiros desempregados. Sendo assim, a população teve que buscar alternativas para garantir sua subsistência”, conclui.
Abrindo um novo empreendimento
O analista econômico Caio Mastrodomênico listou algumas dicas que podem ser úteis aos jovens que desejam empreender. “Façam uma planilha com projeção de custos e receitas futuras. Na internet é possível baixar diversos modelos gratuitos que irão auxiliar o novo empreendedor a manter uma programação financeira organizada. Além disso, é importante sempre fazer uma reserva de caixa, garantindo os custos fixos do mês seguinte para evitar pagamento de juros e encargos que possam ser aplicados em caso de algum tipo de inadimplência”.