A pandemia da COVID-19, especialmente no Brasil, irá deixar inúmeros problemas que só serão curados com o tempo, como garante a especialista do Sebrae Minas, Karina Hanun. Para ela, as consequências ocasionadas pelos vírus estão acima dos efeitos epidemiológicos e sanitários, neste caso, o impacto é direto nos setores sociais, econômicos, políticos e culturais. Referimo-nos a uma chaga aberta a retirar energia dos sobreviventes deste verdadeiro cenário de guerra biológica.
Pelo período de 21 meses e diante desta insana experiência de altíssimo risco, muitos brasileiros não tiveram alternativas a não ser recorrer aos cuidados médicos, com o propósito de cuidar de sua saúde mental, incluindo pacientes que não foram diretamente atingidos pelo coronavírus. A partir de agora, as demandas de todos eles, ex-enfermos ou não, é buscar a conciliação financeira para ter condições de prosseguir na vida, o que a rigor, não vai ser nada fácil diante da atual realidade. Isso porque grande parte da população do país foi impactada negativamente do ponto de vista econômico e empresarial, levando muitos empreendedores de peso à lona.
Corroborando com relação a esses alertas, eis uma informação merecedora de atenção da Receita Federal. Na falta de negócios pujantes, foi detectado que a abertura de estabelecimentos especializados em comercializar produtos de segundo mão, nos primeiros semestres de 2020 e 2021, teve crescimento da ordem de 48,58%. E mais: nos primeiros seis meses deste ano, houve a criação de 2.104 empresas do segmento, sendo 1.875 microempreendedores individuais (MEIs) e 229 empresas de pequeno porte (EPPs). Constata-se que, no mesmo período do ano passado, 1.298 novos MEIs e 118 EPPs entraram em funcionamento. Na avaliação da própria Receita, a ascensão na abertura de negócios no setor de novos e usados, alcançada em seis meses de 2020 e 2021 registrou o percentual mais expressivo dos últimos 6 anos.
Deixando de lado as ofertas dos brechós de luxo, os novos comerciantes de produtos usados estão atuando a todo vapor no Brasil a fora. Para quem já está inserido no mercado de vendas neste segmento de “segunda mão”, a negociação de qualquer tipo de item se torna muito mais fácil, uma vez que acontece à base do olho no olho e sem a necessidade de contratação de um vendedor especializado. O acerto final é feito entre quem compra e quem oferta o produto.
Não é um cenário ideal, mas se constitui uma alternativa para quem ficou desempregado, neste contexto de precariedade da vida humana e diante do flagelo de milhões de existências. Portanto, o que está em curso é a reconstrução da vida das pessoas e de suas respectivas famílias. O importante é nutrir ambos para poder continuar em frente, pois, indubitavelmente, esta é a vontade do Supremo Arquiteto do Universo.