Os coworkings já são realidade nas grandes cidades do Brasil e esse segmento também está ganhando força nos municípios do interior. Segundo uma pesquisa realizada pelo International Workplace Group (IWG) em 19 países, os escritórios compartilhados serão responsáveis por movimentar mais de R$ 20 bilhões no interior do Brasil nos próximos 10 anos. Intitulado “Suburban Business Centres”, o levantamento traz dados e informações sobre o setor de espaços flexíveis de trabalho localizados fora dos grandes centros comerciais brasileiros.
O estudo aponta também que essa modalidade deve gerar cerca de 71 mil novos empregos nessas regiões. No total, a previsão é de que, até 2029, mais de 157 mil pessoas trabalhem em espaços de coworking no interior do país.
Para além do crescimento no Brasil, a pesquisa também mostra que haverá aumento desse mercado nos outros países. Os escritórios flexíveis distantes dos principais centros urbanos deverão movimentar mais de US$ 254 bilhões no mundo na próxima década.
Tiago Alves, CEO da IWG no Brasil, diz que o mercado de locais de trabalho flexíveis já existe há 30 anos, mas nos últimos 5 anos foi notado um aumento no número de empresas que buscam esses espaços. “No país, houve a abertura de mais de um espaço de coworking por dia entre 2018 e 2019. Esse crescimento se dá pela mudança na relação com os ativos. As empresas buscam, cada vez mais, diferenciar seu fluxo de caixa e querem investir em coisas que não agreguem valor em curto e longo prazo, como escritórios, imobiliários e infraestruturas”.
Apesar dos brasileiros terem adotado esses locais de trabalho durante a crise econômica e, mesmo com fracos sinais de retomada econômica, a demanda por espaços compartilhados cresce cada vez mais. “Na verdade, o que houve no Brasil foi uma popularização do termo coworking nos últimos 10 anos. Ele foi inventado nos Estados Unidos em 2009 e ganhou fama mundial. Ele é utilizado para denominar qualquer espaço de trabalho compartilhado. Aqui, esse produto já era utilizado de maneira compartilhada durante muitos anos, sendo chamado de campus ou escritório virtual”.
Alves explica que para empreender no Brasil são necessários dois fatores: o endereço e um contador para fazer a abertura e prática contábil da empresa. “Ao fornecer um endereço comercial, o mercado de coworking é um dos que mais tracionam a abertura de novas empresas perante as juntas comerciais. Atualmente, estima-se que 30% das empresas são abertas em espaços colaborativos”.
Outra vantagem para os coworkings é a possibilidade de economizar 30% em comparação ao custo de ocupação de um imóvel tradicional, sendo que esse valor pode chegar a 50% se a empresa utilizar espaços de trabalho rotativos, onde o funcionário pode trabalhar cada dia de um local diferente. “A economia pode ser maior ainda, chegando a 70% se a empresa optar pela modalidade de escritório virtual. Esse formato fornece ao empreendimento um endereço fiscal e comercial, atendimento postal e telefone, mesmo não estando presente fisicamente todos os dias”.
Para finalizar, Alves lembra que outro impacto positivo gerado pela utilização de espaços flexíveis se dá no meio ambiente. Segundo a pesquisa, mais de 68 mil toneladas de CO2 por ano deixarão de ser emitidas no interior do Brasil pelo uso de escritórios compartilhados, pois os deslocamentos para ir e voltar do trabalho ficam mais curtos. “Um dos primeiros aspectos que as pessoas consideram, ao optar por empresas com políticas de flexibilidade, é o impacto positivo na saúde, principalmente ao economizar tempo no trajeto de ida e volta ao escritório. Níveis reduzidos de estresse aumentam o bem-estar mental da equipe, que se manifesta em menos dias ausentes”.