Foto: Thiago Ribeiro/AGIF
O ano de 2019 ficará para a história do futebol brasileiro. No fim de novembro, o Clube de Regatas do Flamengo sagrou-se bicampeão da Copa Libertadores da América e conquistou o seu sétimo título do Campeonato Brasileiro. Detalhe: ambas as conquistas em 24 horas. Um feito apenas do Santos de Pelé, em 1963.
E o Flamengo não para de superar recordes. Na competição nacional, o time da Gávea está sem perder há 23 jogos e lidera o campeonato com 16 pontos de diferença para o segundo colocado, sagrando-se campeão com quatro rodadas de antecedência. E ainda pode chegar à maior pontuação na era do Campeonato Brasileiro de pontos corridos. Soma-se a esse sucesso a simbiose com a torcida do clube, disparada a dona da melhor média de público, com 51.925 pagantes por jogo. A conquista de 2019 se junta ao rol de 1980, 1982, 1983, 1987 (Copa União), 1992 e 2009.
A torcida rubro-negra não cansa de comemorar. Diego Alves, Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Marí, Filipe Luís, Arão, Gerson, Everton Ribeiro, Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabriel. Os 11 titulares do comandante Jorge Jesus marcaram o nome na história do Flamengo com uma campanha irretocável. Destaque também para os coadjuvantes de luxo: Diego, Vitinho, Cuellar e Reinier foram tão importantes quanto os 11 iniciais em algum momento da temporada.
Futebol intenso, envolvente, ofensivo, com variações de jogadas, verticalidade e forte marcação sem dar espaço para o adversário. Seguramente, essas serão as principais marcas desse time histórico, que aliou o poder financeiro ao casamento perfeito entre o forte elenco com a experiência e competência do técnico Jorge Jesus.
Esse sucesso do Flamengo não apareceu da noite para o dia. O clube abraçou um projeto de reestruturação desde 2012 para retornar ao topo do Brasil e reconquistar a América. O que se observou no time, nos últimos tempos, foi o que vem faltando na maioria dos clubes do Brasil. Planejamento, dedicação, foco e persistência. O clube modificou sua estrutura financeira, equilibrou as contas para fazer contratações pontuais e montar um elenco forte para disputar as competições. Teve muita persistência, pois os títulos não vieram em curto prazo. A torcida chegou a ficar apreensiva em alguns momentos e temendo pelo roteiro repetido em anos anteriores. O rótulo de “time do cheirinho” era um pesadelo para o torcedor. Mas, o Mengão não desistiu. Acreditou no projeto ambicioso e teve paciência para colher bons frutos. A dedicação foi outro ponto forte. Com a contratação de Jorge Jesus, o Flamengo passou a ter outro tipo de metodologia de trabalho. Um treinador intenso e estudioso. E, acima de tudo, cheio de coragem. Não ficou como a maioria dos técnicos brasileiros poupando jogadores. Colocou força máxima em campo por diversas vezes, disputando competições simultaneamente. As boas atuações deram confiança à equipe e os resultados foram aparecendo naturalmente.
Por fim, a equipe rubro-negra, a meu ver, manteve o foco na conquista de seus objetivos. A expectativa por resultados positivos foi usada como fator motivador. Incrível como mesmo nos momentos de dificuldade (como na final da Libertadores), a equipe se manteve focada, determinada e com forte poder de reação diante de adversários difíceis de serem batidos.
Essa foi a receita de sucesso para um Flamengo vencedor, que servirá de modelo para as demais equipes do Brasil. Sem planejamento, foco, dedicação e persistência, o sonho de grandes conquistas fica cada vez mais distante.
Parabéns ao Clube de Regatas do Flamengo! Legítimo campeão brasileiro e o novo rei da América!
*Desembargador do TJMG e Bacharel em Comunicação Social – Jornalismo