Você cuida do bem estar da sua mente? Na correria do dia a dia, muitas vezes, deixamos de nos preocupar com nosso emocional, porém, é no momento em que a razão toma o lugar da emoção, que inúmeras pessoas se veem acometidas por distúrbios mentais. Depressão, ansiedade, fobias, síndrome do pânico etc, já atingem cerca de 700 milhões de pessoas no mundo (10%), representando 13% do total de todas as doenças.
Esses problemas são ainda a terceira razão de afastamento do trabalho no Brasil e acometem 23 milhões de brasileiros, sendo ao menos 5 milhões em níveis moderado e grave. Pensando em reduzir esses índices, o psicólogo Leonardo Abrahão criou a campanha Janeiro Branco com o intuito de gerar uma conscientização a respeito da prevenção, orientação e combate ao preconceito dessas doenças para se ter resultados.
O que é o Janeiro Branco?
Trata-se de uma campanha dedicada a gerar uma conscientização em relação a saúde mental e emocional das pessoas. Tudo isso para mostrar que é possível e importante prevenir situações e condições que geram abalo psicológico. A campanha foi inspirada no Outubro Rosa e nasceu em Uberlândia-MG e, agora, com a ajuda de vários outros psicólogos está se estendendo pelo país. Nosso objetivo é alcançar as pessoas por meio dos espaços que elas estão, seja real ou virtual.
Qual a importância de um projeto como esse nos dias atuais?
Acredito que gerar uma cultura de respeito e valorização da subjetividade humana, além de popularizar os conhecimentos dedicados à promoção da saúde mental e emocional. Isso é importante porque mostra a sociedade que a gente tem que respeitar a condição subjetiva do homem, valorizar as emoções, os sentimentos e relacionamentos, pois o desprezo a essa realidade tem gerado o crescimento no abalo emocional, o que ocasiona a ansiedade, depressão e, até mesmo, suicídio.
De forma geral, como a ideia pode ajudar as pessoas?
A campanha tem três acessos: prevenção, orientação e combate a preconceitos. A princípio, o projeto ajuda no sentido de prevenir e evita o crescimento desses problemas por meio da conscientização. Em relação a indivíduos já com problemas emocionais, a campanha auxilia informando as pessoas sobre o cuidado. Então, se ela se sente desesperançada ou triste, o projeto mostra que ela pode procurar ajuda de um psicólogo, psiquiatra ou de alguém apto a lidar com essas emoções e trabalhar questões a fim de evitar que isso se encaminhe para algo mais grave, como depressão, fobias e suicídio.
No caso das pessoas com transtorno mental mais grave, como a esquizofrenia, o Janeiro Branco chega para auxiliar na desmistificação e combate ao preconceito acerca dessa doença. Todos nós humanos temos singularidades e dificuldades e sofremos em algum ponto da vida. Então é preciso encarar abertamente todas essas questões para que aconteça uma harmonia individual e social.
A OMS alerta que uma em cada 10 pessoas no mundo, 10% da população global, sofre de algum distúrbio de saúde mental. Por que os transtornos mentais tem se tornado tão comuns?
Por causa da cultura materialista, produtivista e objetiva que vivemos, ou seja, todos estão preocupados apenas com metas, números, produção e dinheiro. Existe um desprezo a subjetividade, a condição psicológica do homem e as necessidades emocionais do indivíduo porque, em uma cultura como essa, elimina-se o emocional. O que vale é o material e racional e, com isso, as pessoas se sentem desencorajadas a falar sobre suas dores, sentimentos e a abrirem espaços em suas vidas para o subjetivo.
Segundo a OMS, a humanidade tem sofrido com o crescimento do alcoolismo, depressão e ansiedade. Os consultórios dos psicólogos estão cheios de pessoas que dizem não ver sentido na vida, que se sentem entristecidas, cansadas e isso não é só fruto de questões orgânicas, fisiológicas, neurológicas e genéticas, mas também do tipo de sociedade que vivemos e das relações sociais que construímos.
Por que os transtornos mentais deixam o indivíduo tão vulnerável?
Porque a condição humana é a condição de sentimentos. Se a pessoa não pode cuidar do que ela sente ou pensa, ela fica a margem de si mesma, esquece do próprio eu e não encontra um espaço para si próprio na vida. Isso inicia o processo de adoecimento emocional, deixando-a vulnerável. O não tratamento dessas condições acarreta em prejuízos emocionais, relacionais e, até mesmo, financeiros.