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102 mil unidades residenciais já foram vendidas este ano

Índice representa um aumento de 15% / Foto:Fernando Frazão/Agência Brasil

Com os resultados alavancados pelo programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), o mercado imobiliário nacional apresentou um crescimento acima dos 15% nas vendas. Foram vendidas 102.485 unidades residenciais em uma amostragem de 221 cidades em todo o país, entre janeiro e março deste ano, o que representa um crescimento de 15,7% em relação ao mesmo período do ano anterior (88.583). Já os lançamentos totalizaram 84.924 unidades, com alta de 15,1% na comparação anual, os dados são da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

O volume total lançado nos últimos 12 meses, nas mesmas 221 cidades, chegou a 407.949 unidades, e as vendas acumuladas no período atingiram 418.136 unidades, um aumento de 22,5% em relação ao ano passado. Já a oferta final de imóveis caiu para 287.980 unidades, o que corresponde a uma redução de 4,6%, sinalizando forte absorção pelo mercado.

O MCMV respondeu por 53% dos lançamentos e 47% das vendas no período, com crescimento de 40,9% nas vendas e de 31,7% nos lançamentos em relação ao primeiro trimestre de 2024. A maior presença do programa é explicada pelas condições de crédito mais acessíveis, com juros reais a partir de 4%, e pelo aumento da participação de estados e municípios com subsídios adicionais.

Além do fortalecimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) que também ajuda a explicar o bom momento. Em dois anos, o orçamento do fundo dobrou, passando de R$ 80 bilhões para R$ 160 bilhões, com o reforço da Faixa 4 do programa feito neste ano pelo governo federal.

O presidente da CBIC, Renato Correia, destaca que mesmo em um cenário de crédito caro, o brasileiro segue acreditando no investimento em moradia. “A força do MCMV, aliada ao crescimento da renda e à estabilidade no emprego, sustenta esse desempenho positivo. Como nosso déficit habitacional é majoritariamente de habitações econômicas, esse programa traz justiça social. E é fundamental que esse mercado seja valorizado e continue crescendo”.

O sócio-fundador da Brain Inteligência Estratégica, Marcos Kahtalian, explica que o primeiro trimestre na economia brasileira está vindo forte. “Tivemos a menor taxa de desemprego para o trimestre, desde 2012, e um crescimento real da renda. Então, conjugamos uma situação de oferta de produto com crédito acessível, sobretudo do MCMV, com um mercado de trabalho e economia forte no período avaliado”.

Oferta

A oferta final de imóveis caiu para 287.980 unidades, o que corresponde a uma redução de 4,6%, sinalizando forte absorção pelo mercado. A queda na oferta geral, que reduziu 5,5% em relação ao trimestre anterior, reflete uma combinação entre aumento nas vendas e redução no ritmo de lançamentos fora do programa social.

“O setor tem mercado para produzir mais do que está ofertando, o que está faltando é funding para o segmento acompanhar o crescimento e a demanda. O ideal era que os números de lançamentos, ofertas e vendas estivessem equilibrados, apesar da diminuição de oferta acarretar uma subida nos preços dos imóveis”, pontua o vice-presidente da Indústria Imobiliária da CBIC, Ely Wertheim.

“Para os produtores, o ideal é que tivesse financiamento suficiente para que as empresas produzissem o que a demanda exige. E capacidade produtiva nós temos, o que está faltando é dinheiro para produção. Hoje, quem compra imóvel com financiamento, especialmente pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), faz um bom negócio. As taxas reais estão negativas e, se os juros caírem, o mutuário se beneficia”, acrescenta Wertheim.

Projeções

As expectativas da CBIC é de que o mercado imobiliário se mantenha em patamar elevado ao longo de 2025, especialmente com a consolidação da Faixa 4 do MCMV, que iniciou as contratações no mês de maio, e a continuidade dos financiamentos via FGTS e poupança. O desafio está na capacidade de manter a oferta na mesma velocidade da demanda, especialmente no segmento popular.

O economista e conselheiro da CBIC, Celso Petrucci, afirma que a resiliência do mercado imobiliário é evidente. “A despeito da Selic elevada e das incertezas macroeconômicas, o desejo do brasileiro pela casa própria continua movimentando o setor”, finaliza.