Pesquisas se avolumam sobre a sugestão de especialistas propondo a redução da jornada de trabalho, um tema em debate no Brasil, mas que já é realidade há muitos anos em países desenvolvidos. Os levantamentos têm sido realizados preferencialmente entre jovens, sem, contudo, levar em consideração uma validação por parte dos empregadores. As firmas já possuem uma série de obrigações perpetradas pela legislação brasileira, razão apontada por especialistas como um item encarecedor dos produtos brasileiros, inclusive para as exportações. Ou seja, a carga de compromissos ocasionados por conta das leis trabalhistas está configurada na lista indicativa que o Brasil é um dos grandes exportadores de impostos do mundo.
O contratempo desse debate é a possibilidade de encaminhar para a denominada precarização do emprego formal. Grande parte das pessoas com idade ideal para o mercado de trabalho prefere atuar através de CNPJ, enquanto cresce a adesão às plataformas de aplicativos, tanto nas vendas de produtos assim como também em relação ao transporte de passageiros.
Seria bom os empresários/empregadores se prepararem, pois a tendência mundial é pela adesão à diminuição das horas laborais por semana. Em Brasília, já se propala sobre a conveniência de alterar a Constituição Federal para se adaptar a essa nova tendência. Uma pesquisa da Nexus, realizada recentemente, constata uma ambição neste sentido, especialmente por parte de 76% dos jovens, sob alegação da busca pelo equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Nos próximos meses, o debate sobre a possibilidade da redução da jornada de trabalho de 40 horas por semana, certamente irá impregnar os meandros do Congresso Nacional, cujos parlamentares estão sendo instigados pela força das redes sociais. A diminuição de jornada é a preferência na faixa etária de 16 a 24 anos.
Como um tom conciliador, a consultora de Recursos Humanos, Karine Soares, pondera que apesar dos benefícios apontados, a implementação da jornada de trabalho enfrenta desafios no Brasil. Ela acredita que a alta taxa de desemprego e sobrecarga de trabalho em muitos setores dificultam a adoção da medida.
Essa pauta deve ter mais eloquência ideológica, com possibilidade de um acirramento entre políticos de alas mais progressistas e parlamentares da direita brasileira. Uma espécie de bandeira do trabalhador contra o empregador. Tomara Deus que surja algum mediador sensato para evitar a radicalização política sobre o tema que interessa a milhões de brasileiros.