
Até o dia 30 de abril, o visitante da CâmeraSete – A Casa de Fotografia de Minas Gerais poderá visitar a exposição “Sairé”. O nome se refere ao tradicional festival de mesmo nome, realizado sempre no mês de setembro, na vila de Alter do Chão, no Oeste do Pará. A celebração é uma manifestação folclórico-religiosa que incorpora o louvor ao Divino Espírito Santo, originário da tradição cristã, elementos da natureza e o folclore indígena. A entrada é gratuita.
De acordo com o curador da exposição, Alexandre Baena, o processo de escolha das imagens foi feito com base no roteiro da expografia, que tem como fundamento o rito religioso, destacando os elementos centrais do louvor à Santíssima Trindade em Alter do Chão. “Após essa introdução, as imagens que retratam esse momento de devoção, entramos no lado profano, com as telas que têm a narrativa apresentada na disputa dos Botos. Porém, na exposição, as telas mostram uma história única, em que o Boto animal faz a transfiguração em homem, seduzindo a mulher, vindo a morte pela revolta de terceiros ao ato de sedução, e sendo salvo pelo Pajé e Encantados, que trazem o Boto de volta à vida. Uma narrativa apresentada nas telas com partes da apresentação dos Botos Tucuxi e Cor-de-Rosa. Através deste roteiro, a seleção das imagens foi feita e, entre as mais de mil fotos, temos as 14 expostas na CâmeraSete”.
Baena lembra que, desde 2023, projetos de itinerância fotográfica têm levado a riqueza do Pará às cinco regiões brasileiras. Começando pela Marujada de Bragança, depois os Povos Originários de Juruti, os romeiros, promesseiros e peregrinos do Círio de Nazaré e, agora, o Sairé.
“Uma festividade incrível, que mostra a conexão entre religiosidade e os povos tradicionais, com seu Rito Religioso, onde encontramos semelhança com a Marujada de Bragança e a disputa dos Botos Tucuxi e Cor-de-Rosa, que é apresentada em um teatro a céu aberto, semelhante à disputa dos povos originários de Juruti. Então, essa exposição é como a união das duas primeiras, tendo um colorido e uma energia diferenciada, afinal, é uma festividade com mais de 300 anos de duração”, ressalta.
“Levar a riqueza cultural do Pará e fazer o convite para que todos possam vir viver essa festividade única é uma oportunidade imperdível, e a nossa expectativa é de plantar o convite e a vontade de viver o Sairé em cada visitante da exposição, tornando-o um multiplicador de informações sobre a cultura do Pará e capaz de criar memórias incríveis”, acrescenta.
Após a passagem por BH, “Sairé” terá como destino os estados da Bahia e Amazonas, antes do seu encerramento em Santarém, no Pará. “Levar a exposição para lá é voltar ao berço do Sairé. Alter do Chão é território Borari, um lugar cheio de pertencimento, então mostrar as telas para os agentes dessa festividade única é o agradecimento pela salvaguarda de uma tradição importantíssima para o Pará. Eles são os Guardiões do Sairé e da Disputa dos Botos, e sem eles essa exposição nunca existiria. Então é muito emblemático encerrar durante a festividade, celebrando com quem vive o Sairé”, finaliza Baena.
Sobre o Sairé
Festa que acontece anualmente em Alter do Chão, durante uma semana, com origem no século 17. Antes, era um ritual indígena, mas foi adaptado pelos jesuítas com ointuito de catequizar os povos que residiam nas Américas. Atualmente, reúne tradições do povo Borari, costumes dos povos ribeirinhos e influências religiosas católicas.
Em 1943, a festa foi proibida pelos franciscanos, sendo retomada mais de 20 anos depois, quando os moradores da vila resolveram resgatar a celebração como uma manifestação folclórica, desvinculada da Igreja Católica, e celebrada novamente pelo povo Borari junto com a festa de Nossa Senhora da Saúde, padroeira da região.
Serviço
“Exposição Sairé”
Horário: terça a sábado, das 9h30 às 21h
Local: CâmeraSete – Casa de Fotografia de Minas Gerais
Endereço: Avenida Afonso Pena, 737 – Centro
Entrada gratuita