Dia desses acordei com a notícia de que o mercado estava nervoso. Confesso que fiquei preocupado. Há mais de dez anos fico nervoso quando entro no mercado. Desta vez, ele ficou nervoso e eu nem estava por lá. Aí fui entender que esse nervosismo se aplicava a outro tipo de mercado, aquele que envolve as grandes empresas, ricos e poderosos. Eles ficam nervosos quando notam que algumas medidas estão sendo tomadas ou que algo pode interferir na lucratividade deles.
Logo me informei que o governo estava anunciando uma série de medidas para conter os gastos públicos, entre elas algumas que modificam as regras do Imposto de Renda e o reajuste do salário mínimo. Foi só o ministro Fernando Haddad aparecer em uma coletiva com explicações para o mercado ficar irritado e o dólar disparar. E, quando o dólar aumenta, parece que o mundo vai acabar. Nos supermercados aumenta o preço de tudo, como banana, leite, sabão e arroz. Não aparece um “filho de Deus” para acalmar o mercado. Todo mundo dá palpite e complica a cabeça do povo.
O anúncio foi simples. O governo quer fazer com que os ricos paguem mais impostos, atacar os supersalários do funcionalismo e limitar os benefícios fiscais das empresas, que não raro, drenam recursos que poderiam ser utilizados para ajustar as contas públicas. O choque é muito para o mercado. Agora quando alguém tenta dar um golpe no Estado, ou mesmo dá um golpe, como aquele das Lojas Americanas, o mercado fica calminho, como se nada tivesse acontecendo. Mas basta falar em colocar benefícios para os pobres no orçamento do governo que ele endoida, mas o que ele não suporta mesmo é reduzir a desigualdade.
Falou em pobre, baixa o espírito de Caco Antibes no mercado: ele detesta pobre. E os economistas vão juntos. Ainda tem os deputados que não gostam de perder mordomias. Em outras palavras, o mercado é hoje um pequeno grupo de bilionários, que vivem às custas de nossas riquezas e alguns nem aqui moram. É um país de alguns mecenas que agora começam a descobrir como ganhar dinheiro com o futebol e apostas. Coisas que pobres adoram. Assim ficam por cima da carne seca e o mercado de olho para ver a que horas deve ficar nervoso. O mercado está precisando de um Rivotril.
Pitaco 1: Atleticanos mostrando a todos pulmões a tal atleticanidade, e o presidente da SAF, mesmo depois do ano pífio, anunciando que vai colocar o Galo na Bolsa. Mais um para deixar o mercado nervoso.
Pitaco 2: Óleo de soja a R$ 8, não há Black Friday que aguente. Já estão vendendo parcelado no cartão. Só para deixar o mercado mais nervoso.