Como quase uma regra, muitos meninos, desde pequenos, sonham em se tornar jogadores de futebol. Segundo os dados de analistas esportivos, de 7 mil atletas na base, apenas um consegue chegar ao time profissional. Os jogadores da base nos clubes começam a jogar a partir de 8 anos, e vão seguindo as categorias de Sub-10, Sub-12, Sub-15, Sub-17 e Sub-20, chega a hora do sonho de subir ao time profissional. Quando se deparam, contudo, com todas as barreiras que existem nesse meio, muitos ficam para trás e decidem por não continuar tentando chegar no lugar que sempre desejaram. Muitos deles deixam suas casas, famílias e amigos em outras cidades longínquas para tentar ser jogador profissional em um clube que abre “as portas da esperança”.
A verdade é que o luxo, a fama e o dinheiro que jogadores como Cristiano Ronaldo, Messi, Vini Jr., Hulk, Matheus Pereira, Gabigol e Neymar, e outros que ganham milhões de dólares ou reais em seus contratos com os clubes, além de empresas de publicidades na divulgação de produtos esportivos, médicos, bebidas e bets, entre outros, são apenas uma fachada que esconde todas as mazelas por quais eles passaram até chegar lá e que é quase uma ilusão. Afinal, são poucos os que chegam ao topo dessa montanha tão difícil de escalar.
Em um jogo de futebol, existem dois elementos fundamentais para que ele aconteça: o campo e a bola. Por isso, não é difícil entender que para que um time e seus atletas possam se desenvolver nos jogos e nos treinos é preciso de mais de um campo de qualidade. Quanto melhor essa estrutura, maiores as chances de seus atletas estarem em boas condições para os jogos, como se vê nos grandes clubes brasileiros e mundiais que não pecam no quesito. Além do campo, o futebol também exige que os jogadores tenham uma disposição física impecável para conseguirem jogar em alto nível. Por isso, ter uma boa estrutura de preparação física com academias, centro de fisioterapia e profissionais de qualidade é algo extremamente importante e capaz de decidir campeonatos.
Além de muitos detalhes que acontecem dentro dos centros de treinamento, “infelizmente” há alguns anos existem os empresários que colocam os meninos em clubes através de seu poder financeiro ou até de empresas de materiais esportivos, é um assunto sério que vem acontecendo em várias partes do Brasil e até no exterior.
No ano passado foi criado, em Brasília, um grupo do Ministério do Esporte, clubes e os executivos do futebol com o objetivo de revisar as leis existentes e em tramitação para, a partir daí, desenvolver um Plano Nacional de Futebol. Essa etapa é crucial para modificar a realidade do futebol de base no Brasil.
Atualmente, apenas 56 dos 778 clubes profissionais em atividade no Brasil possuem o Certificado de Clubes Formadores (CCF). Vejam as últimas transferências realizadas com jogadores com menos de 18 anos. O Palmeiras vendeu o Endrick e o Estevão para a Europa, negociado pelo Palmeiras com o Chelsea por 61,5 milhões de euros. A venda de Estêvão supera a de Endrick, que acertou com o Real Madrid. Isso porque, desconsiderando os valores para abatimento de impostos (12 milhões de euros), os espanhóis pagaram 60 milhões de euros pela outra joia alviverde. Já o Vitor Roque foi vendido pelo Athletico Paranaense ao Barcelona, em julho do ano passado, em um acordo que chega aos 74 milhões de euros no total, entre fixo, bônus e impostos. Números que colocam a negociação como a maior do futebol brasileiro. O euro está na média de R$ 6, então peguem a calculadora e façam as contas para saber quanto os jogadores renderam aos clubes, empresários e aos próprios jogadores.
O clube que investe bem em sua base, tem retorno com jogadores subindo para o profissional, mostra resultados em campo, depois vende o atleta para times do exterior, enchendo os cofres com muito dinheiro, que serão revertidos em estruturas nos clubes. Logicamente, termina com o surgimento de novas joias do futebol, mas para as diretorias tem de ser profissional.