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Vendas no comércio mineiro acumulam alta de 4,9% em 2024

Destaque para o avanço do varejo de veículos e motocicletas / Foto: José Paulo Lacerda-CNI

 

Segundo os dados do Boletim Econômico do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), o volume de vendas no comércio varejista no Estado acumulou alta de 4,9% em 2024, similar à do país, de 5,1%. Os segmentos em evidência foram os equipamentos de escritório, informática e comunicação (93,5%); artigos de uso pessoal e doméstico (17,8%); e perfumaria, cosméticos e farmácias (14,8%). Por sua vez, combustíveis e lubrificantes (-11,5%); e livros, jornais, revistas e papelaria (-10,6%) recuaram.

Já as vendas no varejo ampliado mineiro acumularam alta de 2,5%, abaixo do observado no país (4,7%). Os destaques no Estado foram o avanço em veículos, motocicletas, partes e peças (11,6%) e o recuo em atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo (-15,5%). Referente ao último mês pesquisado, Minas Gerais registrou estabilidade, com recuo de 0,1%. Ainda assim, foi o melhor período desde o início da série histórica, em 2011.

O economista-chefe do BDMG, Izak Carlos da Silva, afirma que o que tem equilibrado o volume de vendas do comércio mineiro é a recuperação dos setores de veículos, motocicletas e peças, e de material de construção, após um período de baixa performance. “Minas tem um polo importante de comercialização de veículos novos e usados, com alguns drivers que só estão aqui. Também observamos o reaquecimento da construção civil”.

Para o economista e professor do Centro Universitário Una de Uberlândia, Walber Carrilho da Costa, o índice é considerado satisfatório, no contexto geral, e são vários os fatores que podem explicar esse avanço. “A recuperação da economia pós-pandemia de COVID-19, principalmente nesse ano de 2024, em que a retomada das atividades econômicas trouxe um crescimento no consumo das famílias; os programas de transferência de renda e as políticas de reajuste do salário mínimo que podem ter contribuído para uma melhoria do poder de compra da população; e o controle da inflação, que preserva o poder de consumo dos brasileiros”.

“Além da queda da taxa Selic, apesar de lenta, pode ter contribuído para a aquisição de bens duráveis e não duráveis; e, por fim, a incorporação de novas tecnologias e estratégias de vendas, como o e-commerce e o marketing digital, que expande o alcance dos varejistas mineiros, que passam a ter o mercado nacional como referência”, acrescenta.

Costa pontua também que esse crescimento do comércio varejista é importante para a economia mineira e traz impactos positivos. “Indica um aumento no consumo, ou seja, que os consumidores estão gastando mais, representando um possível sinal de confiança na economia, ajudando a impulsionar outros setores, como os serviços e a indústria”.

“Essa alta nas vendas do varejo pode gerar uma maior contratação no setor, contribuindo para a redução do desemprego e aumentando a renda das famílias mineiras. Vale destacar também que esse crescimento pode estimular a abertura de novos negócios em outros setores”, explica.

 

Perspectivas

O especialista ressalta que se as condições econômicas e políticas se mantiverem favoráveis, é possível vislumbrar uma tendência de crescimento ou, pelo menos, estabilidade. “Obviamente, é sempre importante monitorar os indicadores econômicos e as políticas governamentais para fazer previsões mais precisas. Cabe considerar ainda possíveis desafios, como as incertezas econômicas, as políticas globais e o cenário das eleições que se aproxima”, afirma Costa.

Ele também destaca que é provável que a onda de calor e as queimadas intensifiquem os desafios já enfrentados pelo setor de produção de alimentos, que apresentou índice negativo. “A destruição de lavouras, por conta dessas ações, podem levar à escassez de certos produtos alimentícios e reduzir a produtividade agrícola, afetando desfavoravelmente a oferta de alimentos, o que pode elevar os preços. Além disso, os problemas de custo logístico podem agravar ainda mais essa situação”.