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40% dos mineiros consideram mudar de casa para fugir de eventos climáticos

Foto: CBMMG/Divulgação

 

Em 2024, a situação das queimadas em Minas Gerais, como em muitas outras regiões do Brasil, tem levado preocupações à população. Segundo uma pesquisa da startup Loft, em parceria com a Offerwise, 40% dos habitantes do Estado consideram mudar de casa para evitar problemas com eventos climáticos extremos, como secas prolongadas. Dos respondentes, apenas 14% disseram que “provavelmente” ou “com certeza” teriam recursos para dar esse passo.

O estudo apontou ainda que 71% dos mineiros acreditam que suas moradias já são afetadas por eventos climáticos extremos. Analisando por tipo de evento, 39% afirmaram que já foram afetados ou têm alguém próximo que já foi afetado por ondas de calor.

A geógrafa Rita Pereira diz que as queimadas liberam grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. “Esses gases contribuem para o aquecimento global, que pode exacerbar as ondas de calor e alterar os padrões climáticos, incluindo a frequência e intensidade das secas”.

 

Queimadas

De acordo com o Corpo de Bombeiros, 21.932 queimadas em áreas de vegetação já aconteceram em Minas Gerais até agora em 2024. Em apenas nove meses, o número já supera todo o ano de 2023, quando ocorreram 17.135 incêndios em vegetação. Em agosto deste ano, foram registrados 6.062 incêndios, o que representa o maior número de casos de queimadas no ano até agora.

Em comparação, o mesmo mês do ano anterior contabilizou 3.299 incêndios em áreas vegetativas. Esse crescimento corresponde a um aumento de cerca de 84%. Em setembro, até o dia 12, já foram contabilizados cerca de 1.733 incêndios. A corporação também informou que 90% das ocorrências são causadas pela ação humana.

Rita explica que nem todas as queimadas são criminosas; algumas podem ser causadas acidentalmente por atividades humanas, como queimadas de lixo ou falhas em equipamentos agrícolas. “Porém, estamos vendo nos noticiários que, em muitas situações, as queimadas são provocadas intencionalmente para limpar áreas de vegetação, expandir áreas agrícolas ou para outras atividades econômicas. Essas práticas são frequentemente realizadas sem a devida autorização e violam leis ambientais”.

“Elas frequentemente provocam danos significativos aos ecossistemas, destruindo habitats, reduzindo a biodiversidade e contribuindo para a degradação do solo. A fumaça pode afetar a qualidade do ar e a saúde pública, causando problemas respiratórios e agravando as condições de saúde existentes nas comunidades afetadas”.

 

Belo Horizonte

De acordo com levantamento do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Belo Horizonte é a capital que está a mais tempo sem chuva no país, já são mais de 150 dias. Das cinco cidades do Brasil, contando não apenas as capitais, quatro são de Minas Gerais, sendo elas Pompéu, Montalvânia, Montes Claros e Januária. Isso, acompanhado dos diversos focos de incêndio, faz com que a qualidade do ar fique cada vez pior e a umidade menor.

 

Saúde afetada

A designer Lorena Avelar é residente de BH e tem enfrentado problemas de saúde por causa da fumaça das queimadas. “Um médico me explicou que a qualidade do ar e a baixa umidade estavam piorando minha condição respiratória. Eu já tinha alguma propensão a alergias, mas agora está pior. Meus olhos estão constantemente irritados e vermelhos. Às vezes, também sinto dificuldade para respirar. Minha pele está mais seca, mesmo com o uso constante de hidratantes”, relata.