A divisão ideológica que dominou o período pós Segunda Guerra Mundial, a chamada Guerra Fria, foi praticamente sepultada com o advento da Perestroika de Gorbachev na União Soviética.
A mudança para a economia de mercado significou o fim do comunismo como teoria econômica e diversos países da antiga “Cortina de Ferro” se converteram ao capitalismo.
Ao mesmo tempo, as estruturas mais conservadoras tiveram de se adaptar à realidade de que é função dos governos intervir na eterna desigualdade social e regional em que vive o mundo.
O Oriente Médio e a Ásia emergiram como novas potências econômicas e a China e a Índia são hoje gigantescas nações quer em população quer em investimentos públicos, especialmente na infraestrutura e na ciência e tecnologia.
Por outro lado, os muçulmanos se espalharam pelo planeta especialmente através da imigração. O islamismo cresceu na Europa e em regiões diversas.
Os países africanos colonizados pelos europeus não conseguiram acompanhar a velocidade da urbanização e modernização. Com isso, a atração exercida sobre os moradores destes países, outrora explorados em suas riquezas naturais, se materializou em aumento vertiginoso da miscigenação e presença de africanos no chamado velho mundo. Indianos e africanos na Inglaterra, africanos na Itália, na França, na Espanha, em Portugal, e turcos na Alemanha, se multiplicaram.
Como consequência, o sentimento nacionalista recrudesceu e se fortaleceu, recebendo ainda a classificação de “Nova Direita”. Nas Américas, o êxodo para os Estados Unidos desafia os democratas e republicanos, hoje classificados como esquerda e direita, enquanto venezuelanos e bolivianos também sofrem com o problema político que força a dispersão da população.
Em meio a esta disputa surgem os oportunistas, os populistas que simplificam tudo iludindo os eleitores e a população como um todo. Será que o espectro ideológico se resume a direita ou esquerda? Serão apenas duas correntes de pensamento no mundo todo?
Certamente, não. A política como método de entendimento e refinamento de ideias e projetos permanece. A possibilidade de melhor justiça social independentemente de sectarismos ou idolatrias de direita ou de esquerda sempre existiu e sempre existirá.
Disse bem o competente e experimentado Embaixador Rubens Barbosa em artigo recente: “Do ponto de vista do Brasil (não de um partido político), a política externa deve visar a maior e mais consistente presença do Brasil no mundo e a benefícios concretos para o comércio exterior e aos investimentos que ajudem o crescimento da economia”.
Não vamos nos prender, portanto, ao modismo das definições ideológicas exageradas. No fundo, o que a população deseja é um sistema econômico que lhe dê melhor qualidade de vida.