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Valor Bruto da Produção agropecuária mineira deve alcançar recorde este ano

O índice pode chegar a R$ 127,1 bilhões / Foto: Seapa

A projeção do Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária mineira pode bater recorde em 2024, conforme estimativa da geração de renda no meio rural, realizada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP). O índice deve alcançar R$ 127,1 bilhões, um crescimento de 1,8% em relação ao ano anterior.

Segundo o superintendente de Inovação e Economia Agropecuária da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Feliciano Nogueira, o resultado positivo é puxado pelo bom desempenho do segmento das lavouras, que deve alcançar R$ 85,1 bilhões no ano, representando 67% do faturamento do setor agropecuário mineiro. “Café, cana-de-açúcar, banana, batata inglesa, laranja, algodão, amendoim e arroz foram os produtos que apresentaram maior crescimento”. Já o especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental da Coordenação de Contas Regionais da Fundação João Pinheiro, Thiago Almeida, explica que apesar desse valor ser o maior da série histórica, o crescimento nominal foi relativamente baixo. “Em 2024, em função das condições climáticas desfavoráveis, as expectativas para evolução em volume foram modestas. Dados do Levantamento Sistemático de Produção Agrícola (LSPA), do IBGE, por exemplo, apontam aumento da produção de café arábica em Minas Gerais de apenas 0,8% e queda nas produções de soja (-8,2%), milho – primeira safra (-21,6%), milho – segunda safra (-10,4%) e cana (-1,9%)”.

“Portanto, essa leve tendência de alta, em termos nominais, só deve acontecer/permanecer se houver um cenário mais consistente de recuperação nos preços das culturas. E o impacto dessas projeções para o Estado é que, do ponto de vista real (efeito das quantidades produzidas), a agropecuária, com os dados iniciais de até então, deve contribuir, muito provavelmente, negativamente para o índice de volume do Produto Interno Bruto (PIB) mineiro em 2024”, destaca.

Lavouras e pecuária

O café é o principal produto do segmento agrícola mineiro e tem o VBP estimado em R$ 30,8 bilhões, com crescimento de 12,5% em relação ao ano anterior. A soja aparece em segundo lugar e deve alcançar VBP de R$ 14,8 bilhões, registrando queda de 22% em relação ao ano anterior. Já a estimativa para a cana-de-açúcar é de R$ 13,9 bilhões, com aumento de 1% em relação à safra passada.

Almeida aponta que a questão climática é o grande dificultador para os agricultores neste ano. “Os efeitos climáticos do El Niño foram observados nas previsões iniciais de safra, com excesso e escassez de chuvas no Centro-Sul, inclusive na economia mineira. A soja foi uma das principais culturas afetadas, enquanto as sementes enfrentam dificuldades de germinação devido à falta de umidade. Além disso, a quebra das safras atrapalha toda a logística de armazenamento e escoamento da produção de forma eficiente, derrubando as margens de rentabilidade”.

Ele acrescenta ainda que é difícil mensurar como a tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul vai impactar a economia mineira e brasileira. “Acredito que em um momento mais adiante, uma menor produção da safra gaúcha pode ter algum efeito inflacionário na precificação de algumas commodities agrícolas e produtos alimentícios produzidos em Minas Gerais, como a soja e derivados, caso não seja compensada por importações”, acrescenta.

O VBP do segmento pecuário deve alcançar R$ 41,9 bilhões (33% da receita total), com aumento de 1,7%. O desempenho é puxado pelo setor dos frangos, previsto em R$ 7,5 bilhões, com avanço de 9%; e de suínos, que pode registrar receita de R$ 6,8 bilhões, com crescimento de 77,1% no faturamento.

O leite, produto que é o carro-chefe do segmento pecuário, representando 32% do VBP do setor, deve alcançar R$ 13,6 bilhões e queda de 14,6% na comparação com o ano anterior. Com faturamento estimado em R$ 12 bilhões, a carne bovina deve ter queda de 3,9%, já os ovos, com retração de 2,3%, têm estimativa de R$ 2,1 bilhões.