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A TV Globo descobriu o Brasil

Passados exatos 524 anos, celebrados no dia 22 de abril, quando os portugueses descobriram o Brasil, dizem que em Santa Cruz de Cabrália, agora surge a tese que foi na praia do Marco, em Touros, Pernambuco, dois anos antes. Até o pico de um vulcão extinto é citado como testemunha a favor de Touros, além da carta de Caminha e do marco mais antigo do país ali instalado. Não importa onde nem quando, mas o fato é que descobriram, por acaso ou não, com certeza índios aqui já habitavam. É natural a polêmica, afinal, um país gigantesco e sem destino, um povo descansado de tantas controvérsias e confusões, com descobridores cuja credibilidade é motivo de chacota pelos brasileiros, onde as leis e a história mudam ao sabor das autoridades de plantão. Estamos acostumados a ver, o certo é o errado, o errado é o certo, o verdadeiro muda de roupagem e passa a não ser, tudo é uma questão de “narrativa”, como diz nossa maior autoridade de governo. Porém, não é do descobrimento que desejo falar.

Prefiro me deter na mais que justa e verdadeira mudança de nosso maior grupo de comunicação, a Rede Globo de Televisão, que ainda a justo tempo passou a dar aos brasileiros, em sua programação, o espelho da população do país, ao abrir espaço aos negros e pardos, território anteriormente dominado pelos brancos. Quando o negro aparecia era como empregado ou empregada doméstica, nunca como empresário, personagem do bem ou com destaque na trama. Foram sempre os personagens do mal, os bandidos ou mal falados. Hoje, apresentam jornais, são os mocinhos com belas namoradas loiras, são os novos queridinhos do grande público, aliás, formado por eles. São mais que 55% de nossa população, quase sempre marginalizados, não bastasse a abominável e nefasta história da barbárie da escravatura. Sejam bem vindos, irmãos e irmãs negros, esta terra é sua, dos índios, dos brancos, dos imigrantes e de todos os homens e mulheres de boa vontade. Já é mais que tempo de formarmos uma nação de brasileiros sem racismo, preocupados com o desenvolvimento do país e formação de sua população, irmanados na busca da paz social e do desenvolvimento de todos.

Nos falta pouco para atingirmos o padrão de nação desenvolvida, com a sociedade levando a sério o nosso destino, empresários com noção de brasilidade, políticos compromissados com o bem público, corruptos presos e bandidos atrás das grades. Não falo dos pés de chinelo nem dos “ladrões de galinha”, ou viciados sem chances de recuperação, falo dos grandes e poderosos bandidos que atuam à luz do dia a ter privilégios do poder de plantão, subsídios e negociatas com a mãe pátria, gentil e distraída. Se o dinheiro público chegasse ao destino da educação e saúde já teríamos um bom início para a formação de um povo menos sofrido e com mais oportunidades de melhor qualidade de vida.