Home > Cidades > 30% dos queijos produzidos no Estado vem do Cerrado

30% dos queijos produzidos no Estado vem do Cerrado

Mais de 9,5 mil toneladas são feitas nesta região – Foto: Divulgação/Emater

Segundo estimativas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), cerca de 9,5 mil toneladas de Queijo Minas Artesanal são produzidas, por ano, na região do Cerrado. São mais de 30% de tudo que é fabricado no Estado. A localidade possui, aproximadamente, seis mil produtores.

A região é formada por 19 municípios do Alto Paranaíba e Noroeste: Abadia dos Dourados, Arapuá, Carmo do Paranaíba, Coromandel, Cruzeiro da Fortaleza, Guimarânia, Lagamar, Lagoa Formosa, Matutina, Patos de Minas, Patrocínio, Presidente Olegário, Rio Paranaíba, Santa Rosa da Serra, São Gonçalo do Abaeté, São Gotardo, Vazante, Tiros e Varjão de Minas. Além do Cerrado, existem outras nove regiões oficialmente caracterizadas como produtoras de Queijo Minas Artesanal.

A iguaria tem como características o sabor suave, adocicado, ligeiramente ácido, podendo ser levemente amanteigado ou picante e tem a massa cremosa. O produto é fabricado a partir do leite de vaca cru integral, produzido na propriedade de origem e recém-ordenhado. No processo é usado o fermento natural, conhecido como “pingo”, coalho e sal. No formato padrão, tem de 15 a 17 centímetros de diâmetro e até sete centímetros de altura.

De acordo com a FIL/IDF (2020) o queijo, em geral, é um dos derivados lácteos mais consumidos no mundo, representando 14% do consumo global. No Brasil, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a iguaria representa quase 10% dos derivados de leite consumidos.

Produto premiado

No início de abril, foi realizado o 3º Mundial do Queijo do Brasil. Concorreram à premiação 1,9 mil itens entre queijos, iogurtes, doces de leite e coalhadas de 14 países. E os produtores da cidade de Abadia dos Dourados, no Noroeste de Minas, foram os vencedores. O casal Dalmo Pereira e Maria Aparecida Machado conquistaram duas medalhas, uma de ouro com o “Queijo Casca Florida Alba”, e outra de bronze com o “Queijo Minas Artesanal Tradicional”.

Contudo, não é a primeira vez que os produtos da Queijaria Santa Clara Dourados são premiados. Em 2021, as iguarias produzidas pelo casal levaram a medalha de prata no Mondial Du Fromage, em Tours, na França, com o queijo de “Casca Florida”. Um ano depois, no 2º Mundial do Queijo do Brasil, conquistaram duas medalhas de prata. Já em 2023, o queijo “Casca Florida” ganhou reconhecimento no Araxá International Cheese Awards e no Prêmio Queijo Brasil 2023.

“As premiações são um reconhecimento de muito trabalho e dedicação para produzir um queijo de qualidade, que preserva nossa história e cultura queijeira. Além disso, incentiva outros produtores da região a seguir em frente e valorizar a atividade que gera emprego e renda para várias famílias da região”, afirma Maria Aparecida.

Ela conta também que eles buscaram qualificação técnica para aperfeiçoar a produção. “Conseguimos o registro da queijaria junto ao Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) para a comercialização e a aquisição do Selo Arte, em 2021. A qualidade é garantida com a implementação das boas práticas na produção do leite e na fabricação do queijo, com muito zelo, disciplina e atenção”.

Por dia, a Queijaria Santa Clara Dourados produz cerca de 40 kg de queijos. Os produtos são vendidos nas cidades mineiras de Uberlândia, Uberaba, Patos de Minas, Araxá, Teófilo Otoni, Juiz de Fora, Pouso Alegre, Lavras e Belo Horizonte. E também em algumas capitais.

Reconhecimento

Em 2023, o queijo do Cerrado conquistou o reconhecimento de Indicação Geográfica (IG) pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Por causa da história e dedicação dos produtores, e as características da região, como clima, solo, água e o tipo de animais criados por lá, tudo isso gerou uma identidade única para o produto. A chancela beneficia os fabricantes da localidade.

A coordenadora técnica regional de Bem-Estar Social da Emater-MG, Mara Mota, diz que essa conquista valoriza ainda mais o queijo e garante a sua procedência. “O IG é importante porque agrega valor ao produto, atestando que ele tem uma identidade própria, e é fabricado na região do Cerrado, inibindo falsificações”.