A bola já está rolando pelos gramados do Brasil. A série A, a mais importante e rica, envolve os 20 melhores times a cada ano. É com justa razão que a elite do nosso futebol angaria altos patrocínios, grande cobertura da mídia, reúne os melhores jogadores e movimenta uma incrível massa de torcedores que lotam os estádios ou arenas, como é moda intitular.
Nem quero falar muito sobre a famosa série A, pois os meios de comunicação já dedicam grandes espaços para divulgação da referida competição. Quero mostrar um pouco sobre o que existe além da série A. São várias outras competições oficiais, envolvendo centenas de times profissionais de todos os cantos deste Brasil gigante.
Temos a série B, penúltimo estágio para chegar ao estrelato. Envolve 20 times. São Paulo com sete representantes este ano: Santos, Ponte Preta, Guarani, Botafogo-SP, Ituano, Mirassol e Novo Horizontino. Santa Catarina com três: Avaí, Chapecoense e Brusque. Paraná com dois: Coritiba e Operário. Goiás também com dois: Goiás e Vila Nova. Na sequência, vem os representantes únicos de cada estado: América (MG), Ceará (CE), Amazonas (AM), CRB (AL), Sport (PE) e Paissandu (PR). Alguns times já foram campeões da série B no passado, como Goiás, Coritiba, América, Paissandu, Sport, Guarani e Chapecoense. Subiram o degrau, mas estão de volta para a segunda divisão.
A competição começou no dia 19 de abril e vai até 26 de novembro. Os quatro melhores classificados sobem para a série A do ano seguinte. Os quatro piores caem para a série C. Além do acesso, o campeão recebe R$ 2,5 milhões, mais uma parte dos R$ 5 milhões divididos entre os quatro primeiros classificados. O faturamento aumenta com a venda dos direitos de transmissão para televisão, patrocínios, placas, venda de camisas, ingressos e outras ações de marketing, incluindo a venda de jogadores que se destacam durante a temporada.
Descendo a escala temos a série C que também já começou. Envolvem outros 20 times de todas as regiões do país. Minas Gerais conta com dois representantes: Athletic de São João del-Rei e o Tombense de Tombos. A primeira fase tem turno único, todos jogando contra todos. Os oito melhores classificados avançam para a fase de quadrangular, divididos em dois grupos de quatro times. Os dois primeiros sobem para a série B. Os dois piores caem para a série D.
Cada participante recebe R$ 1,2 milhão de ajuda da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para participar da primeira fase. Quem atinge a fase seguinte recebe mais R$ 312 mil. A Confederação investe mais R$ 45 milhões para custear transporte, hospedagem, alimentação, arbitragem e testes de dopagem para todos os participantes.
E o último degrau da maratona é a série D. Conta com 64 participantes, divididos em oito grupos de oito times. A distribuição é a mais regionalizada possível. Mesmo assim, os times enfrentam muitas viagens e gastos. Minas Gerais conta com quatro representantes: Patrocinense, Ipatinga, Pouso Alegre e Democrata de Sete Lagoas. Os times jogam entre si dentro dos seus grupos. Os quatro melhores de cada grupo avançam a fase seguinte que é de mata-mata. Os quatro melhores sobem para a série C.
O campeão e o vice recebem um prêmio de R$ 1,2 milhão. A CBF arca com os custos de transporte, hospedagem, alimentação, entre outros. Mesmo assim, alguns times não conseguem verba para bancar seus elencos, comissão técnica e demais despesas. Acabam desistindo de participar. Vários times classificados para as divisões citadas, ainda participam da Copa do Brasil, torneios organizados pela CBF e pela Conmebol, fora os campeonatos regionais.
Muita gente acha que temos várias competições no Brasil. Pode até parecer, mas pelo tamanho da nação e quantidade de times existentes, o número de divisões e envolvidos é até pequeno. Na Inglaterra existem 11 divisões, enquanto a Itália possui nove. Na França são cinco e em Portugal quatro, mais dezenas de competições distritais. E são países pequenos, com facilidade para deslocamentos.
A maior dificuldade no Brasil é conseguir patrocínio para bancar. A logística é muito complicada e cara. Temos poucos estádios com condições razoáveis pelo interior. Os times precisam se organizar melhor em termos de gestão e carecem de investimentos das empresas. Acredito que com a entrada das ligas no universo do futebol brasileiro muita coisa vai mudar para melhor, inclusive, com a geração de mais recursos. Quando este tempo chegar, vamos ter mais e melhores competições. Por enquanto, a onda é seguir a maratona que já está rolando.