Na comunidade rural de Maciel, no distrito de São Bartolomeu, em Ouro Preto, o artesanato tem um papel importante na geração de renda no campo, especialmente no segmento da agricultura familiar. Em 2005, foi criada a Associação Comunitária dos Artesãos e Agricultores de Maciel, que tem o apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG).
Há uma década, a principal fonte de renda da comunidade era uma carvoaria, agora extinta. Com a doação de retalhos e apenas uma máquina para 15 mulheres no início, o projeto de transformar o artesanato em fonte de renda foi trabalhado com persistência.
Com a criação da associação, equipamentos modernos foram adquiridos e houve a diversificação das peças, além da participação em exposições e feiras em diversas cidades e o aperfeiçoamento da qualidade. Projetos montados pelos técnicos garantiram a aquisição de três máquinas industriais, que se juntaram às de pedal, doadas no início dos trabalhos.
“No princípio, não sabíamos nem como cortar. Com as tecnologias, temos a tábua e a faca apropriada. Hoje, nós cortamos polegada por polegada. O artesanato é tudo para gente, é valorização e capacitação”, conta a artesã e produtora rural, Lúcia Nazaré.
Thatiana Garcia, coordenadora estadual da Emater, destaca a relevância do projeto. “Além da geração de renda, os dias de encontro são momentos de conversas e risadas, uma verdadeira terapia entre as pessoas da comunidade, e é claro, momento de criatividade e muito trabalho. A participação é totalmente gratuita”.
“As artesãs relatam que ficam ansiosas aguardando pelos dias de produção e que a vida mudou. Atualmente, elas têm um centro comunitário, onde fazem os artesanatos; tem uma vez no mês, cinema neste local; capacitações; e reuniões”.
A coordenadora explica que o projeto surgiu em Divinópolis, com a necessidade de criar renda para a comunidade local. “Eles perceberam que muito retalho era jogado fora e poderia ser transformado em artesanato. A partir dessa ideia, há mais de 20 anos, a Emater, juntamente com a comunidade de Maciel e a extensionista de Bem-Estar Social Geralda Berenice Esteves Lima, iniciaram as primeiras capacitações em transformar retalho em artesanato”.
Produção
Antes do programa, a fabricação era limitada à confecção de colchas, tapetes e fronhas, com emendas de retalhos. Atualmente, as mulheres produzem bolsas, carteiras, nécessaires e outros itens nesta linha, além de avançarem na produção mais elaborada daqueles primeiros produtos.
Para a evolução do trabalho artesanal foram realizadas oficinas de design, bordado e costura criativa para as mulheres da comunidade. A proposta foi inovar o artesanato, antes marcado pela rusticidade no acabamento, cores desconectadas e misturas de matéria-prima, dando outra roupagem aos produtos.
O artesanato é comercializado em feiras em vários municípios, inclusive Belo Horizonte. As peças também ficam expostas, aos finais de semana, na Casa de Gonzaga, casarão do século 17, e ponto turístico na cidade histórica de Ouro Preto. O próximo passo é investir na capacitação para impulsionar as vendas nas redes sociais e outras plataformas on-line.
Emater
A coordenadora pontua que a Emater já atuou em diversos programas para geração de renda na comunidade de Maciel, como produção de bucha vegetal e horticultura para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), além de apoio no saneamento rural.
“O escritório em Ouro Preto existe há 51 anos e atende em torno de 340 famílias anualmente. São mais de 4.200 atendimentos, por ano, relacionados à criação de pequenos animais; comercialização e gestão; desenvolvimento e crédito rural; agroecologia; entre outros”.
Ela acrescenta ainda que a importância da empresa não é só para as cidades do interior de Minas, mas para todos os mineiros. “Pois, quando buscamos a melhoria do cultivo dos alimentos, a preservação do meio ambiente e cultura local, estamos beneficiando a todos e essa é a missão da Emater: promover o desenvolvimento sustentável, por meio de assistência técnica e extensão”.