Belo Horizonte completou 126 anos. Para uma cidade, ainda é considerada jovem saída da adolescência. Mas, pelos seus problemas, uma velha e rabugenta senhora. Como pode uma cidade que começou planejada, construída para ser a capital política e administrativa de Minas Gerais, adquirir ao longo dos anos tantos problemas? Como pode ter tido um crescimento populacional tão acelerado, mais de um milhão de habitantes em 70 anos?
Cercada pela até então bela Serra do Curral, parece que seus problemas começaram por aí. A serra, há muito tempo, vai sendo consumida pela ganância de mineradoras com aval das autoridades, inclusive aquelas chamadas de “ecológicas”. Está virando apenas um cenário. Uma casca que só pode ser vista do lado de dentro de Belo Horizonte. De fora, uma cratera de grandes proporções que vai saciando a fome de máquinas em busca de suas riquezas. Do lado de dentro da “fortaleza”, os problemas crescem e se multiplicam a cada dia. Trânsito caótico, crescimento desorganizado, falta de esgotamento sanitário em algumas regiões e uma população de rua que assusta até mesmo esses moradores.
Aquela que já foi chamada de “Cidade Jardim”, não vive seus melhores dias. O pior é a falta de expectativa para um trabalho de recuperação da cidade em todos os aspectos. Não estamos vendo no poder público programas que possam oferecer à cidade aquilo que ela realmente merece. A forma de administrar a capital também mudou. Com seu crescimento, raramente os problemas são vistos e solucionados in loco. A burocracia impede planos bens sucedidos.
Essa sofrida senhora, em 2008, foi indicada pelo Population Crisis Committee, entidade da Organização das Nações Unidas (ONU), como a metrópole com melhor qualidade de vida e ficou entre as 50 melhores cidades do mundo. Em 16 anos, muita coisa mudou. Mesmo a trancos e barrancos, Belo Horizonte ainda exerce uma grande influência nacional no ponto de vista econômico e cultural. Político nem tanto. Já tivemos coisas melhores. A cidade luta para mostrar a sua arte e tem ares de fazer inveja às grandes cidades europeias neste contexto. Mas acaba sendo muito pouco.
Os belo-horizontinos também precisam demonstrar mais carinho pela cidade. Cada um à sua maneira, atitudes simples que podem contribuir muito para isso. O fato de não juntar o lixo nas esquinas já representa muito. Essa educação faz com que as coisas melhorem. Assim como o respeito às leis. Algumas em benefício dos próprios moradores, como a Lei do Silêncio, coisa quase impossível de ser cumprida em Belo Horizonte, por ser considerada por muitos como a capital nacional dos botecos, não quer dizer que seja a capital do barulho. Bar é bom e não faz mal a ninguém, seus frequentadores é que precisam ser mais educados. Lugar para bebericar e conversar, não para gritar e badernar. Lembrando que este título também serve para fazer crescer nossa economia, aumentando o fluxo de turistas na cidade.
Depois de refletir bem, concluo que nós mesmos somos os culpados pelos problemas de nossa cidade. Precisamos mesmo é de nos reciclar em tudo, seja na convivência, no nosso dia a dia e em nossas ações. A cidade continua bela, linda e amorosa. É como aquela Ofélia de um programa humorístico. Tem problemas, mas é nossa. Viva BH.