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Viver é guerrear

A guerra é o palco onde morrem jovens que se matam sem se conhecerem e nem se odiarem, a mando de velhos que se conhecem e se odeiam, mas não morrem. Sun Tzu, no livro clássico “A Arte da Guerra”, nos ensina que “a vitória é o principal objetivo na guerra, mas o verdadeiro propósito da guerra é a paz”. São ensinamentos antigos indicadores de que o melhor mesmo é vencer o inimigo sem lutar. O que antes era um manual da guerra escrito 500 anos a.C., hoje é um livro de autoajuda para definir estratégias de negócios, de posicionamentos e de atitudes na carreira. A obra prova que travamos todos os dias uma guerra particular que sempre vai mostrar vencedores e vencidos no final da tarde, mas sem derramamento de sangue. O sangue derramado mancha a história e assombra o mundo.

Na voz de Ney Matogrosso, a música “Rosa de Hiroshima”, romantiza. Faz uma ode à bomba atômica que arrasou as cidades japonesas Hiroshima e Nagasaki. O artefato é comparado metaforicamente como uma rosa e faz o apelo que, apesar de pacifista, vem sendo lembrado como o instrumento da paz. Os japoneses reconheceram o potencial de destruição da bomba inventada pelos americanos e assinaram o termo de rendição.

Os senhores da guerra acordaram novamente e tomaram as atenções do mundo. De artefatos novos, o mundo volta a se preocupar com duas guerras importantes. A invasão da Rússia na Ucrânia e a reação pesada de Israel contra o grupo terrorista Hamas, que assassinou jovens, crianças e idosos, sem piedade. Vai pagar um alto preço, mas já obteve a vitória. O objetivo do Hamas já está conquistado, espalhar o terror e acabar com o enfadonho da paz vigiada, que reinava na região. Israel nunca esteve tranquila com a Faixa de Gaza e a tentativa de criar o Estado Palestino atravessa mais de 70 anos, sem solução. De forma obsessiva, o mundo acompanha quase que uma batalha ao vivo, todos os dias da semana. Não há outro noticiário porque este é o assunto que está em alta na audiência.

O estado de guerra é explicado, mas não justificável. Autores que explicam a evolução do Homo sapiens mostram que o processo foi rápido demais e não nos acostumamos. Vamos dormir e acordamos com o DNA de quem deve fugir dos leões todos os dias e ir atrás de alimentos. Sempre obedecendo ao instinto máximo, de espalhar DNA, ou seja, copular. O máximo possível. A guerra é um gesto de autoafirmação para garantir este privilégio animal. Os cachorros já se resolvem, cheiram o bumbum do adversário para avaliar com seu apurado faro, qual foi a alimentação dele. Se for resultado de vísceras e carnes nobres, trata-se de um representante de matilha forte, boa de caça e aquele é um dos líderes, já que depois da caça, a hierarquia na hora da comida é rígida demais. Os mais fracos ficam com ossos e nervos duros.

O debate sobre a guerra nada artística, do Oriente Médio, tomou conta do mundo político e até provocou baixas no governo. O susto pela ação terrorista do Hamas indignou até quem defende a criação do Estado Palestino. No meio do debate, um deputado conhecedor dos hábitos caninos propôs que os chefes de estado cheirassem o bumbum do outro e, para evitar a carnificina, admitissem a força alheia. Este estado de coisa até existe e o cheiro que desanima a decretação da guerra tem nome e se chama artefato nuclear, a famosa bomba atômica, que acabou com a segunda guerra, matou milhares, mas garante até hoje a paz. O Brasil é o único país do mundo que além de assinar rígidos tratados contra armas nucleares, escreveu na Constituição que a energia nuclear só pode ser usada para fins pacíficos. A fragilidade nossa está, portanto, na Constituição e este cheiro exala forte demais na região e se espalha pelo mundo.