A melhora na avaliação do mercado de trabalho e da economia, registrada na última edição do Índice de Confiança Robert Half (ICRH), foi especialmente influenciada pelos profissionais em busca por recolocação. Dentre eles, 33% acreditam que a probabilidade de assumir um novo emprego será maior nos próximos seis meses, um acréscimo de quatro pontos percentuais frente ao levantamento anterior.
A expectativa mais otimista é acompanhada pelas empresas: 24% afirmam que os planos de contratação serão ampliados daqui para frente. Hoje, 17,5% das companhias indicam que a intenção de contratar é alta ou muito alta. A mensagem é positiva, visto que houve um aumento de 1,4 ponto percentual nas projeções.
Diante desse cenário, o momento é propício aos profissionais que se preparam para um retorno ao mercado de trabalho e uma tendência vem atraindo a atenção. As chamadas mad skills ganharam relevância na Europa e estão entrando na mira de empresas e recrutadores no Brasil.
Embora possam ser consideradas similares às soft skills, existem diferenças entre ambas. Enquanto as soft skills abrangem habilidades socioemocionais indispensáveis para o cultivo de boas relações interpessoais, as mad skills, ou “habilidades fora de série”, em português, envolvem a realização de hobbies e outras atividades que tornam cada profissional diferente e especial de alguma maneira.
Conforme dados do ICRH, esportes como futebol, skate e corridas, viagens e contato com culturas diferentes, gastronomia, artes e voluntariado representam as ações mais praticadas. A gerente da Robert Half Amanda Adami, explica que as iniciativas citadas pelos profissionais foram escolhidas de maneira espontânea. “Elas são movidas pela paixão, pelo interesse e por decisão dos próprios praticantes. Por isso, pela ótica de um recrutador, elas podem dizer muito sobre a personalidade e os potenciais de um candidato”.
“Alguém que faça teatro, por exemplo, pode ter facilidade para conduzir reuniões e apresentações. Um corredor de rua talvez apresente persistência e foco acima da média. Um fotógrafo amador tende a buscar soluções com mais criatividade e sensibilidade”, completa.
Entre os profissionais desempregados que participaram da pesquisa, 85% acreditam que esses hobbies colaboram com a reinserção no mercado de trabalho. Na visão deles, as principais contribuições são: ampliação de rede de contatos profissionais (52%), demonstração de habilidades transferíveis para o ambiente profissional (42%), exploração de novas áreas de atuação profissional (35%), demonstração de comprometimento e dedicação fora do trabalho (29%) e desenvolvimento de competências específicas que são escassas no mercado (26%).
Empregados enxergam vantagens
Na percepção daqueles que estão hoje empregados, as principais contribuições dessas ações para o desenvolvimento profissional são: aumento da criatividade e pensamento inovador (66%), desenvolvimento da capacidade de lidar com desafios e adversidades (58%), aprimoramento das habilidades de comunicação (49%), favorecimento do aprendizado contínuo e curiosidade intelectual (48%), melhora das competências de trabalho em equipe (40%).
Soft skills seguem em alta
As habilidades comportamentais não ficam atrás. De acordo com o ICRH, as mais valorizadas atualmente são: trabalho em equipe e colaboração (69%), resiliência e adaptabilidade (66%), pensamento crítico e capacidade de resolução de problemas (56%), comunicação clara e objetiva (53%) e inteligência emocional (49%).
Para Amanda, no atual mercado de trabalho, as mad skills se apresentam como algo a mais para transformar um profissional em um candidato inesquecível. “Combinadas com sólidas bases técnicas e soft skills bem desenvolvidas, realçam autenticidade, paixão, dedicação e podem ser o fator que faz brilhar os olhos de empresas e recrutadores”, finaliza.