Home > Artigo > As portas do inferno continuam abertas

As portas do inferno continuam abertas

Há algumas semanas, os principais sites de notícias do Brasil não falam em outra coisa, o comportamento de calouros e veteranos do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro de São Paulo, uma das mais conceituadas na formação de profissionais do país.

Durante uma competição esportiva feminina, os marmanjos resolveram mostrar a genitália para quem quisesse ver, fato gravado em diversos vídeos. Depois de divulgado, para surpresa de muitos, outros vídeos apareceram e mostraram que esse comportamento parece ser uma constante nessa instituição de ensino, sempre com estudantes veteranos determinando ordens aos calouros.

O comportamento dos alunos muito se assemelha com torturas fascistas, como prender alunos por seis dias em ambientes fechados, sem banhos e até agressões com “bombas de mijosta”, uma mistura de urina com fezes, que eram atiradas nos calouros. Coisas usadas em campos de concentração contra os judeus, durante a Segunda Guerra.

A Universidade Santo Amaro já anunciou a expulsão de alguns identificados e garante que a investigação prossegue, tanto na área administrativa, o que cabe à Universidade, como na área policial. A cada dia surgem novas denúncias e outros envolvidos. O curso de Medicina em questão, é oferecido pela bagatela de R$ 8.200 por mês. A nota de corte do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para entrar é 250.

O que escandaliza de verdade esse empenho em descobrir o que leva esses jovens a promover tamanho absurdo. Por que os veteranos agem como uma “Gestapo” entre os alunos e por que os calouros se submetem a essas torturas? É difícil para um pai ter conhecimento que seu filho faz isso, mais difícil ainda acreditar que a família seja conivente. São futuros médicos e parecem que estão indo para um outro caminho. É fácil reconhecer o espírito contestador de universitários.

A história do Brasil sempre mostrou a atuação de estudantes durante os chamados anos de chumbo, quando eles lutavam por liberdade contra o poder dos militares e sempre foi assim na participação nas artes e na música. Mas isso chega a ser assustador. Uns contra os outros. O Brasil vem assistindo a uma série de acontecimentos que começam a ser considerados normais. Cada vez fico mais aterrorizado, o desrespeito pelo próximo e pelo idoso, o racismo, a homofobia, misoginia, o desrespeito pelas minorias.

Ninguém está nem aí. Não respeitam as leis e vão para as redes sociais fazer de tudo. Está virando o país do vale tudo e por mais que alguns órgãos se esforcem para combater essas condutas, parece que nada resolve. Cada dia surge uma novidade ou uma figura para incrementar esses absurdos, mesmo que esteja na crista da onda e tenha alcançado o posto com o excesso de abusos.

De uns tempos para cá, sempre dissemos que abriram a porta do inferno e com certeza parece que ainda não fecharam, é só sentir o calor dos últimos dias para comprovar, só falta o cheiro de enxofre. Se alguém tem a chave da porta, precisa agir rapidamente e devolver algumas figuras que saíram de lá e hoje desfilam pelo Senado, pela Câmara, nas emissoras de TV e principalmente nas redes sociais. Precisamos, urgentemente, fazer um exorcismo nesses jovens, que ultimamente, andam assustando até o capeta. Cruzes.