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Por que o futebol feminino ainda enfrenta preconceitos?

Modalidade ainda tem investimentos inferiores frente ao masculino / Foto: Pixabay

Até o dia 20 de agosto, a bola rola nos gramados da Austrália e Nova Zelândia pela 9ª edição da Copa do Mundo Feminina. Mas, ao contrário da última edição masculina, realizada no final do ano passado no Catar, não houve uma mobilização por parte do público para torcer pela Seleção Brasileira, que busca o seu primeiro título. Para o psicólogo Jan Luiz Leonardi, um dos fatores que podem explicar o fato é porque ainda há uma percepção cultural de que o futebol é um esporte para homens.

Ele aponta que o preconceito de gênero ainda é muito presente em nossa sociedade. “As pessoas presumem que as mulheres são menos capazes fisicamente de jogar futebol em alto nível. Além disso, possuem crenças sobre o tipo de comportamento que é apropriado ou não para elas. Portanto, o futebol, por ser um esporte que envolve contato físico agressivo, acaba sendo visto como coisa de homem”. Os comentários sexistas fizeram a CazéTV, uma das detentoras dos direitos de transmissão no Brasil, desativar o chat do YouTube durante a partida entre Nova Zelândia e Noruega.

O psicólogo reforça também que a diferença de investimento e estrutura para homens e mulheres atrapalha. “O futebol feminino recebe menos dinheiro do que o masculino, o que pode causar a impressão de que a qualidade é inferior ou menos importante. Os salários, condições de trabalho e o interesse de patrocinadores têm sido muito melhores para eles”.

A cobertura do esporte pela imprensa também foi abordada por Leonardi. “O futebol feminino ainda tem menos atenção, incluindo não apenas a transmissão de jogos, mas também a falta de notícias e histórias das atletas. A mídia pode justificar a sua atuação, alegando que não há interesse suficiente na modalidade, mas sem a cobertura, o esporte tem dificuldade em atrair novos fãs e jogadoras”.

Para finalizar, o psicólogo lembra que o mundial de futebol feminino começou a ser realizado há pouco tempo. “Enquanto a primeira Copa do Mundo Masculina aconteceu em 1930, a primeira edição feminina só foi em 1991”.

Evolução das partidas

Na avaliação do comentarista esportivo Júnior Brasil, a qualidade do esporte tem melhorado nos últimos anos. “Hoje em dia temos jogadoras mais técnicas, que já conseguem melhores arremates, jogadas, dribles e uma maior organização dentro do jogo. Além disso, existe um trabalho de treinadores e treinadoras que procuram conhecimento e estão garimpando talentos”.

Ele diz que há diferenças entre o futebol masculino e feminino, mas não é possível fazer comparações. “Precisamos compreender e enxergar as qualidades notórias das mulheres. Acredito que a tendência é que o futebol feminino melhore ainda mais nos próximos anos, principalmente quando ele for abraçado pelo torcedor de forma definitiva”.

Televisão

Essa edição da Copa do Mundo tem trazido bons números de audiência. O canal SporTV registrou aumento de 400% nos horários das partidas em relação às semanas anteriores. Já durante a estreia da Seleção Brasileira contra o Panamá, no dia 24 de julho, foi recorde de audiência de uma partida do futebol feminino no YouTube. Um milhão de pessoas acompanharam simultaneamente na CazéTV, do streamer Casimiro Miguel e a TV Globo registrou a maior audiência para o horário desde agosto de 2008.