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Minas Gerais é o estado com a maior receita gerada pelo café

A cafeicultura gerou quase R$ 29 bilhões em divisas / Foto: Divulgação/Seapa

De acordo com o Valor Bruto da Produção (VBP), o café manteve o 4º lugar no ranking dos produtos de lavouras que mais produziram divisas para o país, ficando atrás apenas da soja, do milho e da cana-de-açúcar. Minas Gerais é o estado com a maior receita gerada pelo grão em 2022. No estado mineiro foram quase R$ 29 bilhões em divisas. O segundo lugar ficou com o Espírito Santo, seguido por São Paulo, Bahia, Rondônia e Paraná. A cafeicultura gerou R$ 55,892 bilhões de receita no país, correspondendo a 4,70% do total produzido, o valor é R$ 11 bilhões a mais que o registrado em 2021.

O VBP é um índice que mostra a evolução do desempenho das lavouras e o faturamento bruto dentro do estabelecimento ao longo do ano, a partir do cálculo da safra agrícola, da pecuária e dos preços obtidos pelos produtores nas principais praças do país e dos 26 maiores produtos agropecuários nacionais.

Ana Carolina Gomes, analista de Agronegócios do Sistema Faemg Senar, pontua, contudo, que apesar de economicamente o setor ter registrado números satisfatórios, foi um ano desafiador para o cafeicultor. “A atividade foi drasticamente afetada por intempéries climáticas entre 2020/2022: déficit hídrico, altas temperaturas, geada, granizo, excesso e/ou falta de chuvas”.

Ela também afirma que o grão é um dos produtos mais importantes para a agricultura mineira e brasileira. “Têm participação na geração de lucro e emprego na economia, tanto pela contribuição na receita cambial quanto pela transferência de renda em outros setores, uma vez que, o poder de compra ou negociação de outros produtos é facilitado quando a cafeicultura está bem estruturada”.

A analista acrescenta ainda que Minas Gerais é de longe o maior estado produtor de café do Brasil. “Ele é responsável por aproximadamente metade do que produzimos, se fossemos um país seríamos o maior produtor do mundo. Somente a região Sul produz equivalente a produção anual da Colômbia”.

Conforme os dados mais recentes do governo estadual, o café é cultivado em 451 municípios de Minas e em uma área de 1,3 milhão de hectares, com 99% dos grãos classificados como do tipo arábica.

 

Consumo interno e externo

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), mesmo diante de todas as dificuldades em 2021, com alta de custos, baixa oferta e economia ainda afetada pela pandemia, o país teve um crescimento de 1,7% no consumo anual. O Brasil é o segundo consumidor global do produto, com 21,5 milhões de sacas no último ano.

Já na exportação, de acordo com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), o café é o principal produto da pauta de vendas do agronegócio mineiro e apresentou recorde e a melhor performance, tanto no valor quanto no volume. O segmento alcançou US$ 6,9 bilhões (45% do valor exportado pelo agro mineiro), com o embarque de 28,5 milhões de sacas.

Ana Carolina explica que o bom resultado das exportações se deu em razão dos estoques da safra anterior (2020), que tiveram produção recorde e também a melhoria nos preços que estimulou a venda. “A tendência para 2023 é seguir com o mercado externo aquecido, uma vez que há perspectivas de melhoria na produção”.

 

Estimativa para 2023

Segundo dados do primeiro levantamento para a colheita do grão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra mineira deve alcançar 27,5 milhões de sacas em 2023, com crescimento de 25% na comparação com a coleta anterior. A produtividade média prevista é de 24,8 sacas por hectare, registrando aumento de 15%.

Porém, Ana Carolina ressalta que 2023 é um cenário de incerteza e dificuldade para o produtor de café. “Para o próximo ciclo, ainda é preciso aguardar o período de enchimento dos grãos para verificar o impacto das intempéries climáticas”.

De acordo com a Seapa, mesmo sendo ano de bienalidade negativa, característica da cultura do café que alterna anos de safra boa com outra de produção menor, a previsão inicial sinaliza um desempenho superior a 2022. Julian Carvalho, assessor especial de cafeicultura da Seapa, explica que esta primeira avaliação aponta para uma recuperação da produtividade e aumento da área plantada. “No entanto, estes números poderão se alterar, principalmente em função de condições climáticas e dos tratos culturais das lavouras”.

Para o órgão, se estas previsões se confirmarem, Minas Gerais vai responder por aproximadamente 50% da safra nacional, que deve alcançar cerca de 55 milhões de sacas, mantendo sua posição de principal estado produtor de café do país.