O Brasil inteiro assistiu, durante a campanha presidencial, a opção do governador mineiro, Romeu Zema (Novo), que se declarou inteiramente favorável ao projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno.
Se houve amadorismo na decisão, só o tempo dirá. Mas, Sua Excelência, não quis ficar quieto em seu gabinete, esperando o resultado das urnas. Até porque, Zema havia sido reeleito já no primeiro turno e julgava ter um capital político suficiente para contribuir com a virada do eleitorado estadual. Deu errado. E isso faz parte do jogo.
Se o governador não tinha experiência política, depois desse episódio, passou a ser visto com outros olhares, especialmente pelo público formador de opinião do país que depositou nele a esperança do surgimento de uma nova liderança nacional. Claro que esse não será um caminho fácil, mas não existe conquista sem luta. E é bom ressaltar que os mineiros nunca se acovardaram, são resilientes, têm vontades próprias e projetos a serem implementados para o bem de Minas e do Brasil.
Os caminhos percorridos por outros líderes nestes rincões de Guimarães Rosa, certamente, tiveram brilhos, no entanto, em cada curva, concomitantemente, havia muitos tropeços. Quem teve a oportunidade de acompanhar as trajetórias dos baluartes da política mineira, como Milton Campos, Afonso Pena, José Maria Alkmin, Pedro Aleixo, Bias Fortes, Juscelino Kubistchek, Tancredo Neves, Hélio Garcia, entre outros, sabem da sinuosa montanha que tiveram de atravessar para fazer valer suas concepções Brasil afora.
Neste instante, já com o novo governo sendo instalado em definitivo em Brasília e Minas, mediante a renovação de comando, por mais 4 anos, é o momento de esquecer o período de batalhas partidárias e focar na administração pública. Como autêntico representante dos 20,87 milhões de mineiros, 37 deputados federais e três senadores, Zema tem respaldo e cacife para delinear as trilhas do entendimento. Ele tem agido certo ao designar interlocutores para dialogar com o governo federal, ante as inúmeras demandas do poder público estadual, inclusive no que diz respeito à renegociação da dívida do Tesouro com o governo federal, que supera os R$ 100 bilhões.
Essa não será uma tarefa fácil, porém, as rotas do entrosamento precisam ser percorridas. Espera-se a não retaliação por parte de Brasília. Afinal, o presidente Lula (PT) é majoritário por aqui e não teria sentido deixar toda a população prejudicada devido às desavenças políticas. Esse retrocesso não faria bem a ninguém. É compreensível que a atenção direta a Zema, por certo, não será uma prioridade do futuro mandatário nacional, mas, nem por isso o titular do Palácio Tiradentes merece ser castigado. O fato é que houve o jogo político e o vencedor, no caso o presidente, disputou apenas com um candidato e, agora, pressupõe que a sua responsabilidade de homem público estadista está acima de picuinhas eleitorais. Se Lula e Zema estiveram em palanque opostos este ano, pode ser que, no futuro, os dois estejam mais próximos. Afinal, isso é a democracia.
As primeiras informações vindas de Brasília já sinalizam uma predisposição para não encurralar Minas Gerais. Isso pode ser um bom sinal. Agora, tudo vai depender de nomes que irão servir de embaixadores para defender os reais e institucionais interesses daqui perante a capital federal.