A implantação do 5G no Brasil caminha a passos lentos e a conexão deve chegar a todos os municípios até 2029. Por conta de divergências, somente no final do ano passado a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) realizou um leilão, com o objetivo de conceder os direitos de exploração de faixas de frequência para as empresas.

Brasília foi a primeira cidade no país a receber o sinal da quinta geração de internet, juntamente com outras capitais, ainda no mês de julho. O 5G é uma evolução e vai permitir a navegação na web com mais qualidade, velocidade, além de impulsionar a chamada Internet das Coisas (IoT). Para falar sobre o assunto, entrevistamos Christian Perrone (foto), head de Direito e Tecnologia e GovTech do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS).

O que é a tecnologia 5G e quais as suas vantagens?
É a quinta geração da internet móvel, projetada para aumentar a velocidade e a capacidade de resposta das redes sem fio. A conexão tem taxas de transmissão ultrarrápidas que podem ser até cem vezes mais rápidas que o atual 4G. Além disso, permite que mais aparelhos se conectem à rede ao mesmo tempo. Também possui baixa latência, ou seja, o tempo de resposta entre um comando e o resultado no dispositivo. O 5G é uma porta de entrada para o desenvolvimento de uma série de outras tecnologias.

Como o 5G vai impactar a Internet das Coisas (IoT)
A revolução vai acontecer em diferentes áreas da economia e do nosso dia a dia. O 5G vai impulsionar a Internet das Coisas (IoT), porque permite que objetos de todos os tipos se mantenham conectados, processando e enviando informações o tempo todo. Estamos falando, por exemplo, das casas inteligentes, que contam com vários dispositivos com acesso à internet, como televisão, assistente de voz, serviço de segurança, eletrodomésticos e até mesmo o ar-condicionado. Eles trazem mais conforto, praticidade e agilidade na execução de atividades e no uso de espaços da residência.
Outro ponto é o funcionamento de veículos autônomos, sem a necessidade de um motorista para condução. Também teremos o aprimoramento da realidade aumentada e a virtual, ligadas à ideia de metaverso. A realização de tarefas remotas com mais eficiência é mais um ganho com a chegada do 5G, como cirurgias, teleatendimentos, entre outros.

O 4G vai deixar de funcionar?
Não. A chegada do 5G não veio substituir as tecnologias anteriores, como o 4G, 3G e 2G. Os celulares atuais continuarão funcionando nessas redes. A ideia é que elas trabalhem em conjunto, contribuindo para que os serviços possam funcionar da forma mais eficiente possível.

Quais os benefícios do 5G para a indústria?
Sem dúvida alguma, a automatização de todos os processos dentro das indústrias é uma das vantagens. As máquinas tendem a ficar cada vez mais conectadas entre si, capazes de processar e analisar uma enorme quantidade de dados em tempo real. Isso pode ajudar na redução de custos e aumentar a eficiência. O 5G oferece uma conexão sem fio de altíssima qualidade e as indústrias precisam buscar informações e estar preparadas para essa nova tecnologia.

Os usuários precisam trocar de aparelho celular para usufruir do 5G?
É preciso conferir se o seu celular já possui ou não a tecnologia 5G para saber se será necessária a troca. Geralmente, essa informação vem descrita na embalagem do produto ou pode ser consultada no site do fabricante. Já prevendo a implantação da quinta geração de internet no Brasil, muitas marcas já colocaram no mercado aparelhos que contam com o suporte para esse tipo de conexão. A tendência natural é que todas as pessoas passem a trocar seus smartphones para usufruir do 5G.

Quais seriam os maiores entraves para implantação no resto do país?
São 4 tipos de entraves principais. Um deles é o custo mais elevado para implantação da tecnologia. Outro problema é a dimensão territorial do nosso país, sendo preciso um gasto ainda maior para garantir uma melhor cobertura. O terceiro fator é uma questão de legislação, o que causa uma demora para emissão de autorização de instalação de antenas das operadoras.
O último entrave é a infraestrutura das cidades que precisa conseguir suportar a grande quantidade de antenas e em quais locais elas podem ser colocadas. Quanto maior a densidade de pessoas e de prédios, mais equipamentos são necessários. Não é à toa que São Paulo, o maior município brasileiro, ainda não conseguiu avançar muito na instalação do 5G.

Como está o desenvolvimento a nível mundial?
O Brasil vem discutindo a implantação do 5G desde 2019, mas somente em 2021 foi feito o leilão para conceder os direitos de exploração de faixas de frequência para empresas de telecomunicação. Ou seja, já estava atrasado e em desvantagem, sendo que outros países começaram esse processo em 2016.
Algumas nações estão bem mais avançadas e com uma cobertura maior, como Estados Unidos e Coreia do Sul. Isso é relevante, pois hoje estamos falando sobre o 5G, mas já existe uma nova tecnologia em desenvolvimento: o 6G. A expectativa é de começar a implantação em 2026. Isso quer dizer que antes de o Brasil passar pela quinta geração da internet, o resto do mundo discute a próxima inovação.