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Memória de Tancredo Neves é referenciada nos 40 anos do jornal Edição do Brasil

Diretor do jornal, jornalista Eujácio Antônio Silva | Foto: Neilton Sávio

Nas comemorações dos 40 anos do semanário Edição do Brasil e, concomitantemente, por ocasião da entrega do Troféu Tancredo Neves, diversas autoridades compareceram em solenidade realizada no dia 20 de junho no auditório do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG).

O diretor do jornal, jornalista Eujácio Antônio Silva proferiu algumas palavras para rememorar os dois certames. “É motivo de júbilo reunir tantos amigos e pessoas ilustres nesta plateia para comemoramos mais um ano de existência do Edição do Brasil. Ficamos honrados não só em recebê-los, mas também em celebrarmos juntos a vida”.

Celebração

“Se o momento é de celebração, tenho a satisfação de informar aos nobres convidados que o nosso semanário completa quatro décadas de circulação no dia 24 de junho, o que é um acontecimento pouco comum no mercado editorial. O Edição se manteve ativo e participante em nossa sociedade até mesmo durante a pandemia de COVID-19.

A história do jornal começou nos anos 1980. Naquela época, o propósito do Edição do Brasil era abrir efetivamente espaço na imprensa mineira para o então candidato Tancredo de Almeida Neves ao governo de Minas.

Cumprir a pauta do nosso semanário em defesa da democracia e da liberdade plena não foi uma tarefa fácil. Mas a vitória de Tancredo para o Palácio da Liberdade, em 1982, alargou o caminho para uma conquista maior. O voto livre elegeu um estadista símbolo do diálogo democrático e fraterno e da inteligência política nacional.

Tancredo Neves faleceu sem tomar posse como presidente da República, mas ele deixou a cartilha a ser seguida por todos, especialmente os patronos da democracia, da liberdade de imprensa e do respeito aos poderes constituídos. E ensejou o pleno restabelecimento do sagrado direito ao voto secreto e direto na eleição de todos os presidentes seguintes.

A reverência e o total respeito às normas constitucionais comprovam que continuarão a valer sempre as lições de democracia, união, justiça, paz social e desenvolvimento, legados do grande líder mineiro, que seguiu a tradição de outro estadista brasileiro, Juscelino Kubitschek de Oliveira.

Por isso, o jornal Edição do Brasil, ao agraciar os homenageados com o Troféu Tancredo Neves, simboliza um tributo à memória do ilustre líder. Ao longo de sua trajetória como homem público, transformava em ação a sua famosa frase: ‘o outro nome de Minas é liberdade’”.

Procurador-geral de Justiça Jarbas Soares
discursa representando os homenageados

Procurador-geral de Justiça Jarbas Soares | Foto: Neilton Sávio

“Recebo com grande alegria o Troféu Tancredo Neves, tendo ao meu lado nomes de envergadura que se dedicam a Minas Gerais. Sabemos que o estado conta com outras tantas pessoas merecedoras desta honraria, por isso, sentimos neste prêmio um grande estímulo para continuar trabalhando nas nossas instituições com os princípios que reforçam o que o troféu representa: os valores de Minas desde a Inconfidência Mineira, no século 18.

O alferes Tiradentes, minutos antes da sua execução, em 21 de abril de 1792, disse: ‘Mil vidas eu tivesse, mil vidas eu daria pela libertação da minha pátria’. Assim, despediu-se da sua luta que culminou com a chegada da República cem anos depois. Desta frase do mártir, ressalto as três palavras fundamentais ao Estado Democrático de Direito.

Vida…

Não se discute que a vida é o valor maior. Assim, toda a ação política, econômica e pessoal deve ter como critério orientador e balizador o princípio da dignidade humana. Nas sábias palavras de Tancredo Neves: ‘Não teremos a pátria que Deus nos destinou enquanto não formos capazes de fazer de cada brasileiro um cidadão, com plena consciência dessa dignidade’, disse na refundação da República, em 1985.

Pátria…

Também em seu discurso perante o Colégio Eleitoral, ao fim do regime militar, em 1985, Tancredo lembrava aquele ‘herói enlouquecido de esperança’. Afirmava que, pátria é, antes de tudo, um sentimento que se traduz na identidade de uma nação. Cada um de nós, portanto, temos algo que nos une. Enxergamos pelo topo das nossas montanhas as diversas realidades do país. Se consultarmos a história, é fácil concluir que toda vez que o Brasil precisou, as mineiras e mineiros não faltaram à nação.

Tancredo, revolucionário, também resumiu esse estado de espírito de Minas Gerais, disse ele: ‘Soada a hora de ação, o mineiro se agita, não teme surpresas e as suas arrancadas conservam a impetuosidade dos fenômenos sísmicos. Desafia as intempéries, enfrenta o patíbulo, planta instituições, rasga os céus, inova a ciência, aprimora a arte, planta cidades, prega e faz revoluções’.

Liberdade…

Dar efetividade aos direitos fundamentais é a causa de Minas. A liberdade de ir, de vir, de falar, de pensar, de ser e de expressar.

Senhoras e senhores,

Nesta assentada, reportando aos 40 anos do jornal Edição do Brasil, voltamo-nos ao papel essencial dos órgãos de comunicação, sem os quais a democracia balança, desequilibra e cai. A liberdade, ainda que tardia, tem que ser plena: de expressão, econômica, coletiva e individual. Por esta razão, precisamos de uma imprensa livre. Que o Edição siga a construção da sua trajetória primando pela independência e imparcialidade, sobretudo, para levar ao Brasil o sentimento de Minas, ou seja, o da liberdade.

Amigos e amigas,

O frio dos tempos difíceis é aquecido pelo respeito ao regime democrático, pela superação das divergências, pelo diálogo e pela devoção ao sentimento de liberdade, característica genuína dos povos destas montanhas. Se chegamos aqui foi porque nossos pares enxergaram em cada um de nós os valores que acreditam ser essenciais para o engrandecimento de Minas. Cada um traz, em sua trajetória, as marcas da vida, a defesa da liberdade e o amor à pátria. Sabemos a quem dedicamos o simbolismo deste troféu.

O presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado Agostinho Patrus, disse: ‘É hora de colocarmos o ouvido no chão de Minas para visitar o passado. Conhecer o promontório dos melhores vultos mineiros e nos socorrer com o exemplo dos nossos mártires’. E parece ser esse o nosso papel nesta eleição nacional: o de trazer equilíbrio e sensatez ao presente processo eleitoral.

Cumprimentando a todos, desejo que as lembranças do passado e a gratidão do presente sejam os norteadores para as nossas ações e de um futuro ainda melhor para o nosso país. Muito obrigado”.