Mais de 5 milhões de pessoas no mundo sofrem com doenças inflamatórias intestinais crônicas. A informação é da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP). E essa prevalência tem crescido aceleradamente. Estudo do DataSUS aponta que, no Brasil, a incidência desse tipo de patologia aumentou 14,87% entre 2012 e 2020, chegando à média de 100 casos a cada 100 mil habitantes – antes, há uma década, a média era de 30 a cada 100 mil.
Popularmente confundidas com diarreias infecciosas, intolerância à lactose e síndrome do intestino irritável, as doenças inflamatórias intestinais não são uma doença do avanço da idade. Ao contrário: tendem a ser mais comuns dos 15 aos 50 anos, tanto em homens quanto em mulheres. Entre as principais causas, destacamos a herança genética, alteração do sistema imunológico, tabagismo e maus hábitos alimentares, que acabam por desequilibrar o funcionamento dos micro- -organismos na flora intestinal, processo chamado de disbiose.
As inflamações são classificadas em duas categorias: a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn, com média de 70% e 30% dos casos, respectivamente. Enquanto a primeira atinge a mucosa intestinal do reto e do intestino grosso (cólon), a segunda lesiona todas as camadas do aparelho digestório, sobretudo o intestino delgado, o colón e a região perianal, causando obstruções e fístulas.
Os sintomas de ambas são muito parecidos e incluem diarreia crônica com sangue, pus ou muco, acompanhada de fortes cólicas abdominais e urgência evacuatório – a pessoa chega a ir 15 a 20 vezes por dia ao banheiro. Fadiga e perda de peso sem motivo também costumam sinalizar o problema.
O diagnóstico é realizado por médicos coloproctologista e gastroenterologistas por meio de exames clínicos, laboratoriais e de imagem, como endoscopia, colonoscopia, tomografia e ressonância magnética. Também pode ser necessário fazer uma biópsia para determinar a doença com exatidão.
Quanto mais cedo o paciente for diagnosticado, menores as chances de cirurgia e de complicações graves. Porém, as doenças inflamatórias intestinais não têm cura. O tratamento clínico consegue controlar o grau inflamatório e atenuar significativamente os sintomas, garantindo a qualidade de vida, por meio de anti-inflamatórios tópicos, corticoides, biofármacos e imunossupressores.
Todo esse processo passa ainda pela reeducação alimentar, acompanhado de nutricionista, para evitar desnutrição por falta de absorção de nutrientes. O paciente deve evitar ao máximo consumir produtos industrializados, especialmente aqueles que contêm corantes e outros ingredientes químicos, assim como frituras.
*Cristiane Koizimi
Coloproctologista
sistemas@pr.comuniquese1.com.br