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20º encontro de hotéis marca o desejo do setor de se reinventar

A mesa foi composta com várias autoridades do ramo | Foto: Neilton Sávio

No dia 9 de dezembro o Novotel BH Savassi recebeu a 20ª edição do Encontro da Hotelaria. O evento foi promovido pela Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), com patrocínio da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e foi aprovado no edital de apoio a eventos turísticos da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur), com o apoio da Prefeitura de Belo Horizonte.

Itinerante, o encontro já passou por inúmeras cidades mineiras como Juiz de Fora, Ouro Preto, Montes Claros e Uberlândia. Este ano retorna à capital mineira com um importante marco: sua volta presencial. Para o presidente da CNC e da FBHA, Alexandre Sampaio, esse momento é de recuperação da atividade econômica do turismo, incluindo os eventos. “A federação e a CNC vão se fazer presentes em Minas, com seus sindicatos com o objetivo de envolver todo o trade do setor”.

Alexandre Sampaio, presidente da FBHA, fez a abertura do evento | Foto: Neilton Sávio

De acordo com o vice-presidente de Assuntos Turísticos Imobiliários do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), Caio Calfat, o Brasil está vendo a pior crise do setor hoteleiro da história. “Foram três momentos de retrocesso seguidos: o primeiro com a superoferta de hotéis devido à Copa do Mundo. Em seguida, tivemos a crise do governo Dilma, que foi econômica, política e de credibilidade, provocando uma queda da atividade nacionalmente. E, depois, com o início da pandemia, pois os hotéis fecharam por 4 a 6 meses e quando abriram, não havia mais demanda”.

Calfat foi conversar com os participantes do Encontro da Hotelaria justamente sobre o cenário atual. “A intenção foi abrir os olhos, mostrar o passado e projetar o futuro. Gosto de deixar uma mensagem otimista, mas, sem muitas fantasias. É preciso persistir e, principalmente, sermos criativos. Os empresários devem buscar surpreender seus hóspedes, fazer com que se sintam à vontade, afinal, são preciosos, agora mais do que nunca. Por isso, a tenacidade e paciência serão necessárias, além da confiança de que dias melhores virão”.

Para a presidente do Belo Horizonte Convention & Visitors Bureau, Érica Drummond, a inovação é essencial. “Penso que os equipamentos de capitais podem se tornar pet friendly, por exemplo. Que esses locais podem ter kids clubs, espaços de diversão monitorados para crianças, além de muitos pontos de vendas, como um bar no topo do prédio, ao ar livre ou um pub no lobby do hotel. O ideal é trazer mais entretenimento para os hotéis, proporcionando ao hóspede uma experiência única. Isso auxilia também para que ele fique mais dias, melhorando o feedback que tem de Belo Horizonte e tudo que ela oferece aos visitantes”.

Gilberto Castro, Marcos Valério e Caio Calfat | Foto: Neilton Sávio

A implementação de novidades, na opinião do diretor de produtos da CVC Corp, Bruno Heleno, só será possível a partir da união de todo o segmento. “É por meio disso que aprendemos o poder de barganha. Quando se tem uma estrutura hoteleira unida, é possível conseguir melhores eventos, por exemplo. A partir daí, todos precisam estar preparados para atender esse público. Todo o setor sofreu com a pandemia, portanto, é fundamental que comecemos a avaliar as tendências e oportunidades que irão surgir”.

Para o diretor-executivo do Ouro Preto Convention & Visitors Bureau, William Adeodato, é exatamente para que se tenha uma análise completa que eventos como o Encontro da Hotelaria se tornam necessários. “É uma oportunidade para o empresariado ter acesso a dados e informações. O associativismo precisa ser valorizado, pois, assim, podemos nos posicionar de maneira mais assertiva para que nosso empreendimento tenha sucesso”.

O presidente da Federação de CVB-MG, VP do Brasil CVB, VP da Federaminas e presidente do Conselho do Instituto Sustentar, Roberto Fagundes, também aposta nessa ideia da união. “Acredito que essa é a palavra de ordem. É um momento no qual todos estão passando por dificuldades semelhantes. Se não ficarmos juntos, trocarmos opiniões e experiências, expusermos os problemas e as soluções, as coisas ficam ainda mais difíceis. Fazer networking faz com que uma nova luz seja acesa. Agora, temos a vantagem do custo do real frente ao dólar e ao euro, que irá valorizar o mercado interno, o que provoca uma expectativa boa de recuperação”.

Além da análise de dados e união, segundo o empresário e presidente da Ouro Preto Convention & Visitors Bureau, Marcos Freitas, o cenário atual traz a necessidade de discutir as questões da hotelaria. “Se eu pudesse dar um conselho para os representantes do segmento, diria para serem mais participativos, principalmente os do interior. É fundamental estar presente, nem que seja virtualmente, para saber o que está acontecendo”

Expectativa

O presidente da Belotur, Gilberto Castro, informa que BH tem mostrando bons números. “Dados apontam para uma recuperação de 20% em relação ao ano passado. Sabemos que ainda é necessário uma retomada mais robusta, entretanto, em um panorama onde há debates, troca de ideias e experiência são primordiais. E não apenas para Minas, mas para todo o país”.

Roberto Fagundes e Alexandre Sampaio | Foto: Neilton Sávio

Ele garante o apoio da Belotur ao setor. “A capital mineira não irá se furtar de nenhum diálogo e debate para que consigamos implementar novas práticas. Inclusive, corroboro que a ideia de inovação é importante: pensar no novo e fora da caixa”.

Uma parceria ao segmento também foi oferecida pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG). A analista de turismo da entidade, Milena Soares, fala que, logo que a pandemia iniciou, toda a equipe começou a pensar em como poderia auxiliar os empresários. “Nossa primeira ação foi rever o que tínhamos de benefício para facilitar a vida de todos. Apoiamos também medidas provisórias e a liberação de recurso para facilitar o acesso ao crédito para que o empresário sobreviva neste momento”.

Milena acrescenta que o retorno ainda é tímido devido à instabilidade. “Não há uma data exata em que poderemos dizer que tudo vai melhorar. Portanto, existe um receio, mas, ao mesmo tempo, um otimismo que não havia em 2020. A gente nem conseguia pensar em retomada, mas, agora, lidamos melhor com isso e prospectamos mais demandas para o setor”.

Para o consultor de hotelaria e representante da MVS Consultoria Marten Sluys, o segmento chega a um ponto em que a mudança de hábito se torna regra. “As pessoas precisam se lembrar da cultura do presencial e esse encontro foi importante também por isso, afinal, ele representa a volta da interação entre fornecedores e profissionais da atividade hoteleira. Não se faz turismo de outra forma e, após 2 anos, ver essa participação traz esperança. A retomada tem sido gradual, mas já existe um sinal de recuperação”.

“Nada voltará a ser como era antes”. É o que diz o diretor do Senac – Departamento Nacional, Antônio Henrique Borges. Para ele, estamos em um processo transitório. “A retomada pode ser semelhante ao passado, mas não será a mesma. As coisas mudaram e, agora, temos milhões de pessoas nas ruas, passando fome, sem o mínimo para comer e desempregadas. Portanto, o que vem pela frente é algo diferente. Por isso, é preciso mesmo questionar se estamos ou não preparados”.

De acordo com ele, o ramo hoteleiro está pronto. “Se imaginarmos as questões de protocolos, segurança, etc, já está tudo encaminhado. Contudo, não podemos nunca nos esquecer dos reflexos que este momento terá daqui em diante. A sociedade necessita estar mais preparada e qualificada e isso nos leva a uma nova perspectiva e é preciso refletir sobre ela”, conclui.