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76% dos brasileiros aceitariam um encontro com alguém de visão política diferente

Você conhece pessoas que romperam relações por causa das últimas eleições presidenciais? Desde que o nível de polarização política na sociedade disparou, é possível citar exemplos de amigos que pararam de se falar, casais que terminaram e, até mesmo, pais e filhos que brigaram – às vezes, publicamente – por pensamentos politicamente diferentes. Porém, parece que a tolerância ao oposto tem voltado aos poucos. Pelo menos, é o que indica pesquisa do Happn, aplicativo de encontros, que apontou que 47% dos seus usuários não consideram que a visão política do parceiro é realmente importante para construir um relacionamento amoroso e 76% concordariam em sair com alguém mesmo tendo uma posição política diferente.

O levantamento, realizado no início de novembro, mostrou também que, no geral, brasileiros não compartilham opiniões políticas. Isso porque 80% dos entrevistados declararam não mencionar o que pensam sobre o tema na descrição do seu perfil; enquanto apenas 15% mencionam e 5% já mencionaram, mas removeram essa informação. Além disso, 48% acreditam que apps de encontros não são o lugar para se falar de política, enquanto 39% acham importante ter este tipo de informação, mas não é essencial. Curioso é que, apesar de toparem um encontro com uma pessoa divergente, para 70% é melhor que o tema seja evitado na mesa e sete em cada 10 entrevistados afirmaram que, mesmo conhecendo a opinião política do parceiro, as chances que ele teria de conquistar o usuário são muitas.

“A política é um assunto muito delicado hoje em dia, que aquece as conversas, gera discussões, mas não define os sentimentos das pessoas em relação umas às outras. Embora muitas vezes gere atrito e polarização, as pesquisas mostram que a política não tem o poder decisório quando se trata de amor e relacionamentos”, avalia Marine Ravinet, Chefe de Tendências do aplicativo.

O amor supera tudo?
Para psicóloga e sexóloga, Fabiana Bacelar, é possível duas pessoas com pensamentos políticos distintos se relacionarem. “Acredito que seja possível, a partir do momento que respeitamos o direito e a liberdade de escolha da pessoa que nos relacionamos. Podemos citar quatro pilares que podem determinar um bom relacionamento: respeito, admiração, diálogo e confiança”, explica.

“Tendemos a querer, escolher e influenciar pessoas com nossas crenças e opiniões, mas devemos lembrar que o outro tem o direito à escolha e que você não deve se sentir frustrado ou contrariado, pois o outro pode pensar diferente e não ser reprimido ou desprezado por suas escolhas”, completa.

Porém, segundo a psicóloga, assim como reconhecer o direito do outro é muito importante, também é necessário conhecer seus próprios limites sobre a questão. “Pode se tornar um problema se ultrapassar os limites que cada um tenha estipulado. Acredito que enquanto não fere os princípios e limites preestabelecidos, é possível conseguir lidar com a diferença no outro. Se a pessoa perceber que está sendo coagida, reprimida e que, ao falarem sobre as diferenças, a comunicação se torna agressiva e sente que perde a liberdade de se expressar perto do parceiro ou parceira, talvez, valha a pena observar melhor se este relacionamento não esteja trazendo transtornos psicológicos para si”, aconselha.