Pesquisas divulgadas no Brasil constatam uma tendência mundial quando o assunto é o uso do celular por adultos e crianças, sem distinção de etnias e classes sociais. A situação chega a ser preocupante para especialistas no tema, quando se constata, por exemplo, a existência de 20% dos brasileiros que apresentam uma enorme dependência do aparelho. Esses dependentes não conseguem ficar mais de 30 minutos sem o uso de smartphones.
Até recentemente, o índice de pessoas que alegavam ficar, no máximo, uma hora longe do celular era de 19%. No entanto, por conta da pandemia da COVID-19, esse número chega agora a 40%. Claro que esse avanço tecnológico veio para beneficiar a vida das pessoas. Eis que, especialmente os jovens, estão efetivamente imersos no processo de comunicação instantânea. Por essa razão, alguns professores e especialistas em educação humana defendem aulas específicas sobre o assunto nas escolas fundamentais. O argumento é de que essa parceria é relevante até mesmo por uma questão de saúde pública.
Vale dizer que, para esses especialistas, deveria haver um melhor preparo nas instituições de ensino com a finalidade de evitar o uso de celular de maneira obsessiva, como caminhando ou até mesmo, em alguns casos, desenvolver doenças, ao invés de servir apenas seu objetivo inicial: ser um meio de conexão com o mundo.
Enquanto a volta das aulas formais não retorna plenamente, seria importante acolher as sugestões do psicólogo Davi Alves. Na sua concepção, é importante que a pessoa reconheça a função do smartphone para si e, assim, crie uma relação baseada na clareza. A orientação do especialista é de que cada indivíduo avalie o tempo realmente necessário para utilizar o aparelho como ferramenta de trabalho, por exemplo. No caso de estudo, quanto tempo você selecionará para isso? Se for para manter relações afetivas, por quantas horas se dedicará diariamente? Segundo o psicólogo, se existir lucidez sobre a questão, fica mais fácil exercer o controle da situação.
A psicóloga Katiúscia Nunes alerta que sintomas como irritação, ansiedade, angústia, agitação, frustração, nervosismo, desconforto e tédio podem ser desenvolvidos por pessoas que estão em uma relação abusiva e emocional com o celular. São os mesmos sinais de um quadro de abstinência.
A própria psicóloga reforça: “A pura e simples imersão ao mundo virtual traz prejuízos às relações em geral, pois a pessoa passa a deixar de lado os amigos e familiares e acaba não aproveitando os momentos sociais”. Para além desta realidade, continua ela, esse comportamento pode causar danos na concentração e gerar desatenção, inclusive, no trabalho e no ambiente escolar. No pior dos cenários, pode haver estresse, ansiedade e depressão, incidindo, até mesmo, em consequências no corpo, como má postura, risco de inflamações e dores no pescoço, coluna e dedos.
A questão é tão séria que a psicóloga Ellen Fiuza destaca alguns parâmetros para lidar com esse transtorno em pacientes. Ela é enfática no assunto: “Há pessoas que precisam de ajuda especializada, pois para alguns reduzir o tempo de uso do celular é simples, mas para quem é viciado, pode ser um grande desafio diante de um mundo completamente globalizado”. Ela, entre outras medidas, sugere criar uma rotina que incorpore o uso de ferramentas analógicas, como blocos de notas, planner e bullet jornal, pois isso afasta o adicto de tecnologias, o que pode amenizar o vício.