Desde março de 2020, o brasileiro não é mais o mesmo. Encomendada para tentar entender o que tem feito as pessoas saírem de casa desde o início da pandemia, uma pesquisa da Waze, em parceria com a consultoria Box1824, mostrou que elas têm aproveitado o momento “on-the-go” (no caminho, em português) para consumir e para matar a saudade reprimida de aglomerar. Entretanto, de acordo com o estudo, os empreendedores ainda não conseguiram compreender como aproveitar essa janela de tempo que o consumidor está na rua para vender mais.
Na pesquisa, chamada de “O valor do momento on-the-go”, 67% das pessoas dizem ter diminuído suas saídas. Porém, mais da metade dos brasileiros entrevistados ainda prefere fazer suas compras nas lojas físicas, mesmo que de forma diferente.
De acordo com a pesquisa, as saídas de casa podem ser resumidas em três tipos: obrigatória, afetiva e essencial. A obrigação é o trabalho presencial. A afetiva está menos atrelada ao consumo e diz respeito à visita a família e amigos próximos. Já a essencial são as compras corriqueiras que não foram adaptadas para o on-line. E é nessa modalidade que aparece o impulso para compras extras, quando a pessoa aproveita que está fisicamente nos estabelecimentos.
A analista do Sebrae Minas e especialista em marketing, Fernanda Fontes explica como se caracteriza o consumo on-the-go. “É aquele que acontece quando alguém está se deslocando de um local a outro. Tem como característica a compra de produtos para serem consumidos durante o percurso ou no lugar de destino”.
Para a especialista, tal comportamento exige que as marcas estejam atentas para o estilo de vida dos clientes. “É importante também que as empresas desenvolvam estratégias para serem identificadas durante o trajeto. Quanto mais visibilidade e funcionalidade forem oferecidas, maiores serão as chances de uma visita à loja”, afirma.
Isso porque, apesar das compras on-line não satisfazerem a necessidade emocional do consumo presencial, a escolha do estabelecimento acontece pela internet. Levantamento do Think with Google mostra que pesquisas referentes a supermercados cresceram 107%, lojas de carro (113%), locais de decoração (115%) e farmácias (115%).
“As marcas que almejam ser lembradas pelos consumidores precisam entender que a influência na decisão de compra em espaços físicos acontece, cada vez mais, a partir de estímulos virtuais. Por isso, é importante mapear jornadas e canais de comunicação para criar relacionamento com os clientes. Quando estratégias bem delineadas são feitas nesse sentido, as lojas estarão nas rotas de saídas essenciais”, destaca Fernanda.
Saudade de aglomerar
A pesquisa ainda traz um dado importante para os empreendedores: a maior saudade dos brasileiros é voltar a aglomerar, principalmente, em grandes eventos coletivos.
Segundo Fernanda, o consumidor vai voltar para as ruas, porém, com hábitos diferentes e o empresário precisa estar preparado para essa volta. “A experiência emocional de consumo e contato em ambientes físicos não foi suprida por nenhuma estratégia virtual, e há uma demanda reprimida ávida para se aglomerar nas ruas. Todo ambiente físico que proporcionar segurança sanitária, entretenimento e encantamento será objeto de desejo no pós pandemia. Seja na prestação de serviços ou na venda de produtos, as empresas que possuem espaço físico devem começar a planejar estratégias para oferecer atendimentos acolhedores, seguros e surpreendentes”, finaliza.