O sexo feminino enfrenta diversos desafios no mercado de trabalho. E a pandemia de COVID-19 colocou mais um obstáculo no caminho delas. Segundo pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Minas), 33% das mulheres empreendedoras com filhos precisaram reduzir o tempo dedicado aos seus pequenos negócios por conta da sobrecarga doméstica, contra 24% dos homens. Os números evidenciam que a rotina das mães é a mais impactada durante a crise sanitária.
A análise também revelou que 3 em cada 10 mulheres gasta mais de 3 horas por dia nas tarefas do lar e nos cuidados com os filhos, enquanto 16% do público masculino vive a mesma realidade. No caso das mães de crianças pequenas de até 10 anos, a situação é ainda pior e 54% delas enfrentam o mesmo dilema.
De acordo com Paola La Guardia, analista da Unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae e responsável pela pesquisa, o estudo confirma a percepção de que as mulheres ainda são as que se ocupam mais com os afazeres domésticos e cuidados com os filhos. “A pandemia agravou ainda mais essa realidade, levando muitas a abdicarem parcial ou totalmente dos seus negócios para dar maior assistência aos filhos”, explica.
Fatores relevantes
A pesquisa realizada pelo Sebrae mostrou ainda que a maternidade foi um fator relevante para 7 em cada 10 mães que decidiram empreender. Entre os homens, a paternidade motivou 6 em cada 10 a terem o próprio negócio. Ter filhos também foi apontado como um fator importante de estímulo e superação das dificuldades, tanto pelos homens (28%) quanto pelas mulheres (22%).
A possibilidade de ter mais independência e um horário de trabalho mais flexível é o principal benefício percebido pelas mães empreendedoras (33%), contra 19% dos pais. Ainda entre as principais motivações para empreender, o desejo de ter uma fonte de renda que proporcionasse maior qualidade de vida à família incentivou 31% das mães e 40% dos pais a terem o próprio negócio.
Mãe empreendedora
Mariana Batista, 42 anos, é confeiteira especializada em bolos e cupcakes há quase 10 anos e também é mãe de duas crianças. Miguel, de 4, e Maria Helena, de 2. “Conciliar as tarefas é difícil, mas tenho conseguido me virar como posso. Meu marido sai de casa para trabalhar cedo e só retorna depois das 18h. Ele consegue me ajudar mais durante os fins de semana. Não tenho condições de pagar uma pessoa para me auxiliar e deixar com parentes nessa época de pandemia é um pouco arriscado”, afirma.
Ela conta que divide seu tempo entre cuidar das crianças, tocar o negócio e também os afazeres domésticos. “Acho que não é todo mundo que daria conta dessa missão. Já queimei massa por ter que parar para amamentar. Perdi o ponto do doce enquanto estava limpando a casa. Fora a dedicação e atenção para evitar os acidentes em casa e o cuidado para não deixar os pequenos perto do fogão. Sempre na parte da noite é mais tranquilo para mim, quando os filhos vão dormir tenho tempo para verificar as encomendas”, conclui.