Wesley Safadão, Rodrigo Sant’Anna, Mc Brinquedo, Carolina Dieckmann e a dupla Maiara e Maraisa são, respectivamente, os nomes mais pesquisados associados ao procedimento orofacial, conhecido como harmonização facial, no Brasil, segundo o Google Trends, ferramenta da plataforma que mostra as buscas mais populares na internet. O que eles têm em comum é a submissão à técnica para deixar o rosto em perfeita simetria. Segundo o buscador, em um ano, o interesse pelo termo subiu 50%. O boom do momento rende fotos chocantes nas redes sociais de “antes e depois”. Essas e outras formas de propagandas irreais de técnicas estéticas nos perfis de médicos e até profissionais não-qualificados têm preocupado a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
De acordo com o presidente da SBCP, Dênis Calazans, resultados milagrosos como são divulgados na internet não existem. “Além de ser uma conduta proibida a médicos, os profissionais que realizam indevidamente certos procedimentos, expõem pacientes com o uso de imagens não apropriadas e ainda espalham fake news com o intuito de seduzir novos clientes com promessas irreais, sem o mínimo de preocupação com a segurança das pessoas”, esclarece.
Outra apreensão da categoria é que a conduta antiética não se restringe apenas aos médicos, profissionais de outras áreas da estética, incluindo a odontologia, usam a técnica do “antes e depois” nas redes. Apesar da orofacial ser a moda do momento, existem vários exemplos de propagandas de estética. De acordo com o Censo 2018 da SBCP, a cirurgia de aumento de mama é o procedimento mais realizado no Brasil, representando 18,8%.
“O Conselho Federal de Medicina proíbe não somente a publicação de imagens de antes e depois, primeiramente, por uma conduta ética e depois por outros fatores que visam proteger não só o médico, mas também o cliente. A medicina não é produto de mercado, e sim de saúde pública. Um paciente que vê uma propaganda em uma foto de antes e depois pode acreditar que as mudanças serão iguais em todas as pessoas e não existe garantia de resultados em medicina”, afirma.
Outra preocupação da SBCP é onde os procedimentos são realizados. Numa breve pesquisa no Google, são milhares de exemplos de vidas interrompidas devido a cirurgias em ambientes despreparados e inadequados. “Muitas complicações têm relação direta com a escolha do espaço, que deve ser certificado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e possuir todos os equipamentos e recursos para as intercorrências que, porventura, possam acontecer. O paciente deve colher o máximo de informação sobre o local em que realizará o procedimento e, se possível, até visitá-lo previamente”.
A definição do profissional que fará a cirurgia deve ser criteriosa e ir além de perfis em redes sociais. “É importante estar atento à formação, ao currículo e conhecer a sua carreira. Essas informações não são conseguidas, pelo menos com credibilidade, apenas por meio das mídias digitais”, alerta o presidente da SBCP. Para ele, na internet, cada um pode se apresentar como quer, existindo, inclusive, muitos perfis falsos.
“Procedimentos chamados de minimamente invasivos como aplicação de toxina botulínica e preenchimento com ácido hialurônico devem ser feitos exclusivamente por médicos, que neste caso, além do cirurgião plástico, dermatologistas também são habilitados a realizá-los. E por que é considerado ato médico? Porque por mais que a aplicação pareça simples, qualquer intercorrência que acontecer pode causar consequências sérias e que só o médico está preparado para atender”, explica.
De acordo com Calazans, uma propaganda estética ética é aquela que informa o paciente, não promove o médico, atende as orientações do Conselho Federal de Medicina (CFM) e não ilude as pessoas com falsas expectativas.