Pode-se dizer que falta grandeza e solidariedade dos mais poderosos nesse famigerado embate mundial contra o novo coronavírus. Em verdade, enquanto a humanidade luta pela sobrevivência diante de um vírus letal, os bilionários estão protegidos numa espécie de bolha que escancara as desigualdades sociais e mantêm seus privilégios, inclusive aumentando substancialmente suas fortunas.
Cada vez mais, o Brasil é considerado o país dos banqueiros e afortunados. Um levantamento da Oxfam Brasil indica que, em apenas 4 meses desde o começo da pandemia, 42 bilionários, de 70 nomes, estão em terras tupiniquins e que, juntos, abocanharam a bagatela de US$ 157,1 bilhões.
Sobre essa realidade, a diretoria executiva da Oxfam Brasil, Kátia Maia afirma que essa revelação se torna ainda mais peculiar quando se sabe que, nesta fase, a população se arrisca a ser contaminada para não perder o emprego ou comprar o alimento de suas famílias no dia seguinte, ao mesmo tempo em que os bilionários não têm motivos para se preocupar. “Eles vivem em um mundo de privilégios e fortunas, mesmo diante da maior crise econômica mundial”, dispara.
“Para a grande maioria dos cidadãos, o isolamento acabou por abocanhar magras poupanças ou mostrou a vulnerabilidade dos serviços públicos que não conseguem garantir cobertura nem direitos. Por outro lado, ser extremamente rico na região significa estar praticamente imune a esta crise econômica”, afirma o relatório Quem Paga a Conta? – Taxar a Riqueza para Enfrentar a Crise da COVID-19 na América Latina e Caribe.
Como se pode perceber são realidades extremamente distintas, afinal, de acordo com as projeções de órgãos do governo, a expectativa do momento é que 52 milhões de pessoas se tornem ainda mais pobres e de que 40 milhões de desempregados estarão à deriva nas cidades brasileiras até o fim deste ano. Do outro lado, está o seletíssimo grupo formado por bilionários que estão US$ 34 bilhões mais afortunados desde o início da quarentena no país. Uma discrepância odiosa, diga-se de passagem.
Infelizmente, a crise sanitária não tem como algozes apenas os supermilionários. Existem muitos políticos, especialmente os empenhados nas eleições dos grandes municípios enfronhados neste mar de interesses escusos e que acabam deixando de lado as consequências ocasionadas pelo isolamento social. Na maioria das vezes, eles surgem se arvorando de bons homens públicos, enquanto, na verdade, estão, em sua maioria, buscando viabilizar seus projetos eleitorais.
É o jogo político sendo jogado mesmo em meio ao caos. Muitos nomes, aliás, pleiteiam reeleição e, para tanto, praticam a velha e conhecida demagogia com o dinheiro público, tomando decisões de cunho populista e com objetivo de atrair a simpatia dos cidadãos. Lembrando que tudo com uma única finalidade: conquistar por mais 4 anos o poder. Como diria o jornalista Boris Casoy, “isto é uma vergonha!”.