Como você responderia à seguinte pergunta: “Considerando todos os fatores da sua vida, você diria que está feliz?”. Essa foi a questão que norteou uma pesquisa do Instituto Ipsos que avaliou a felicidade da população de 28 países. Os resultados mostraram que, no Brasil, seis em cada dez entrevistados (61%) consideram-se felizes. O índice está 12 pontos abaixo do registrado na última edição da pesquisa, feita em 2018, quando o resultado foi de 73%. Globalmente, o índice também caiu de 70% para 64%.
Vários são os fatores que afetam a nossa felicidade, alguns são individuais, outros coletivos. O rompimento da barragem em Brumadinho que causou a morte, até o momento, de 249 pessoas, poluição e destruição de comunidades é citado por Marcos Calliari, CEO da Ipsos no Brasil, como um dos motivos que abalaram os brasileiros já no 25º dia do ano. “2019 era um ano com grandes expectativas, de recuperação econômica e de uma nova fase no país. Entretanto, desde seu início foi marcado por uma série de fatos que afetaram muito o ânimo dos cidadãos. As mais visíveis foram tragédias como o incêndio do Museu Nacional, o desastre em Brumadinho, além de uma atmosfera de conflitos ideológicos sensível. Como se não bastasse, a recuperação econômica tem se materializado mais lentamente do que o esperado, desapontando as expectativas”, afirma Calliari.
Mas como você definiria o que é felicidade? A psicóloga Sônia Eustáquia explica que diferente da alegria, sentimento de manifestação visível de êxtase que nos liga a determinado momento, definir felicidade é uma tarefa individual. “É um conceito subjetivo porque é originário de um sentimento percebido diferentemente por cada um. Todas as pessoas buscam ser felizes. Paradoxalmente, nossa própria constituição psíquica restringe nossas possibilidades de felicidade e o sofrimento ‘nos ameaça’ a partir de três dimensões: do próprio corpo, com suas dores e medos; do mundo externo; e das relações com os outros seres humanos. Desse modo, a busca pela felicidade se traduziria mais pela evitação do sofrimento do que pela vivência de fortes prazeres”, esclarece Sônia.
O que te faz feliz?
No Brasil, entre as 29 fontes de felicidade listadas na pesquisa, saúde e bem-estar físico ocupam o primeiro lugar, com 65%. Ter um emprego que faça sentido ocupa a segunda posição, com 62%, seguido por sentir que a minha vida tem sentido (59%). Em seguida, empatados em 57%, estão: segurança pessoal, sentir que estou no controle da minha vida, minha condição de vida, ter mais dinheiro, minha situação financeira pessoal e meu bem-estar religioso ou espiritual.
Você já teve a sensação de que aquilo que te fazia feliz um tempo atrás, já não te empolga tanto? Sônia explica que isso é normal, já que a felicidade também varia conforme a idade. “Quando somos crianças, a felicidade pode ser brincar com os amigos ou comer uma torta de chocolate. Na adolescência, ela pode ser representada por uma garota ou garoto que desejamos. Quando adulto, pode ser representada em ter um emprego bem remunerado, uma casa ou filhos. Para os idosos, a felicidade pode ser acordar um dia após ter dormido bem, ou não sentir nenhuma dor”.
Portanto, para descobrir o que te faz feliz é necessária uma boa reflexão. “Pode-se fazer algumas perguntas e chegar à alguma conclusão, que será diferente em cada um. Por exemplo, você gosta da sua profissão? Como você lida com os momentos de lazer? Como você cuida da saúde? O que você acha da sua aparência? Você consegue reconhecer seus defeitos? Na hora de falar sobre o passado da sua família, como se sente? Qual a importância do amor na sua vida? O que as outras pessoas acham de você? O que você pensa sobre si mesmo?”, finaliza Sônia.
Felicidade no mundo
De acordo com o estudo, em 2018, no índice mundial, 70% dos entrevistados se consideravam muito felizes ou felizes. Já em 2019, esse número foi para 64%, uma queda de 6 pontos percentuais. Entre os países que a população se diz mais infeliz, a pesquisa destaca três: Argentina (19%), Turquia (14%) e Japão (11%).
Os países em que as pessoas se consideram muito felizes são: Canadá (29%), Austrália, Arábia Saudita e Índia empatados com 28% e, por último, o Reino Unido e os Estados Unidos com 27%.