Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, é a cidade com a maior taxa de homicídios entre os municípios com mais de 100 mil habitantes em Minas Gerais, segundo o Atlas da Violência, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O estudo, feito para medir o nível de violência nas cidades médias e grandes do país, foi realizado com base nos dados do ano de 2017. Ao todo, foram 310 municípios analisados.
No ano avaliado, quando a população da cidade metropolitana era de 427 mil pessoas, foram registrados 188 ocorrências, uma taxa de homicídios de 52,1. Em seguida vem Governador Valadares, com taxa de 42,8 homicídios, e Ribeirão das Neves, com 40,3. Na sequência estão: Vespasiano (37,2), Contagem (36,7), Santa Luzia (35,2), Araguari (30,9), Sabará (29,9), Juiz de Fora (29,2) e Sete Lagoas (27,2). A capital mineira está na 12ª colocação, com taxa de 26,7.
Também pelo estudo, entre as 20 cidades mais pacíficas do país, três estão em Minas, sendo elas: Passos, em 7º lugar (taxa de 7,2 crimes a cada 100 mil habitantes), Araxá (7,9) e Varginha (8,3).
Além disso, o documento apontou também que, apesar da prevalência relativa de mortes violentas no geral ser maior em cidades maiores, nas últimas duas décadas, os municípios menores tiveram crescimento acentuado das taxas de homicídio. Enquanto houve aumento de 113% nas cidades pequenas entre 1997 e 2017 e as médias sofreram relativamente pouco com o crescimento na taxa de letalidade, as grandes tiveram uma redução de 4,5%.
Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP) de Minas Gerais informou que a realidade tratada no Mapa da Violência não é a vivenciada atualmente. “O Estado alcançou, no primeiro semestre de 2019, o menor número de crimes violentos dos últimos 8 anos. A queda alcança a casa dos 18% entre os crimes de homicídio e 28% na redução de roubos”, declarou.
Segundo a Secretaria, ações de prevenção à criminalidade em áreas vulneráveis, como aglomerados, também contribuíram para os bons resultados. “A Secretaria possui um programa de prevenção de homicídios, chamado Fica Vivo, reconhecido internacionalmente por instituições como a ONU. No primeiro semestre deste ano, nas áreas onde o programa atua, a redução das mortes foi de 7,5%. Já entre os jovens, na faixa de 12 a 24 anos, a redução onde há o programa é de 17,6%”. De fato, o Fica Vivo é elogiado e citado como exemplo no Atlas da Violência 2019.
Para o advogado Renato Assis, os dados da violência nas ruas mineiras estão ligados com a educação e a oportunidade. “A maior parte das mortes violentas estão em áreas, dentro dos municípios citados, onde esses problemas são mais acentuados”.
Para ele, a solução passa pelo bem-estar social. “Em primeiro lugar, o Estado precisa fornecer melhores condições de vida à população. Com educação, oportunidades de trabalho e melhora nas condições de vida, certamente teremos uma criminalidade menor”.
Violência no Brasil
A cidade mais violenta do Brasil em 2017 foi Maracanaú, no Ceará, com 145,7 homicídios para cada 100 mil habitantes. No ano do estudo, 308 pessoas foram assassinadas na cidade, que fica na região metropolitana de Fortaleza e tem 224 mil habitantes.
A capital cearense foi a cidade que teve o maior número absoluto de homicídios em 2017, com 2.145 casos, superando até mesmo as cidades mais populosas do país. O Rio de Janeiro, que tem mais que o dobro de habitantes de Fortaleza, teve 1.850 assassinatos, e São Paulo, que tem uma população quatro vezes maior que a carioca, teve 1.011 assassinatos.