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OMS reconhece vício em videogames como doença

“O videogame pode viciar da mesma forma que a cocaína”, aponta a Organização Mundial de Saúde (OMS) em uma atualização da Classificação Internacional de Doenças (CID-11). A partir deste ano, o uso excessivo dos jogos eletrônicos passa a ser considerado uma doença de nome “distúrbio em games”.

Segundo a psicóloga Livia Marques, quando discorremos sobre a mente, falamos de comportamento e pensamentos disfuncionais. “Aquilo que não funciona de maneira positiva para que a pessoa tenha qualidade de vida. Na verdade, isso traz perdas significativas no dia a dia”.

Ela acrescenta que, geralmente, a pessoa passa a se isolar e não quer socializar com outros indivíduos. “Além disso, a agressividade pode se tornar maior e algumas deixam até de comer, porque acreditam que o jogo é mais importante que qualquer coisa”.

Perigo na infância
Não é novidade que as crianças estão, cada vez mais, viciadas em jogos e outras tecnologias como celulares, tablets, etc. Neste caso, a psicóloga aponta que é essencial a observação dos pais. “A tecnologia existe, não tem como a gente deixar as crianças a par disso. Mas é fundamental que os responsáveis avaliem a relação crianças versus jogos”.

Ela acrescenta que o exemplo dos mais velhos é a principal arma contra o abuso. “A gente costuma presenciar, principalmente na hora das refeições, que o pai está no celular, a mãe no notebook e o filho na TV. Os adultos são espelho e a criança aprende o que vê”.

Desenvolvimento
O pediatra e neurologista infantil Clay Brites explica como o abuso de videogame e outras tecnologias podem atrapalhar no desenvolvimento infantil. “O primeiro ponto é a socialização. A infância é a fase da vida em que se adquire habilidade, linguagem e comunicação social. A criança focada nos recursos tecnológicos acaba por atrapalhar sua linguagem social”.

Brites informa que ela apresenta dificuldade em seguir regras e também em manter a rotina. “Nessa fase, a prioridade deveria ser estudar, brincar de forma lúdica, motora e conviver com outras crianças, mas a tecnologia restringe isso”.

O pediatra afirma que a cognição também é influenciada. “Crianças que jogam ou ficam muito tempo vendo vídeo em celulares e tablets têm maior probabilidade de desenvolver problemas de atenção e concentração, além de ter dificuldades comportamentais que levam a alterações de humor”.

Por fim, o sedentarismo também passa a ser um vilão. “Como ela fica bastante tempo na mesma posição, não exercita e aumenta o risco de obesidade, além de diminuir a capacidade física e motora, trazendo outros consequências para a saúde”.

Game over
Brites aponta que a criança dá sinais de que a tecnologia está fazendo mal. “Ela para de ter interesse por atividades que fazia antes, o rendimento escolar diminui e fica irritada quando é privada do uso do aparelho”.

O especialista acrescenta que já há contraindicações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) acerca do uso. “A SBP indica que os pais restrinjam de forma absoluta o acesso de crianças abaixo de 2 anos. Isso inclui jogos, vídeos e redes sociais. De 2 a 5 anos, a tolerância é de 40 minutos por dia. A partir dos 5 anos, já pode ser dada mais liberdade, mas com controle e a presença de um adulto”.