Os brasileiros têm mudado os padrões de consumo e optado cada vez mais por uma alimentação mais natural. Prova disso é que o setor de comidas e bebidas saudáveis continua em crescimento, apesar da situação econômica dos últimos anos. De acordo com um estudo da agência Euromonitor International, de 2017, o segmento avançou em média 12,3% ao ano. Em 2016, foram R$ 93,6 bilhões em vendas no país. Os dados comprovam que a crise passa longe deste ramo.
O Brasil é o 5º maior mercado de alimentos e bebidas saudáveis do mundo. As frutas, verduras, legumes, grãos, castanhas, produtos sem glúten, agrotóxicos ou aditivos químicos passaram a integrar o cardápio de mais pessoas. Essa onda fitness pode parecer momentânea, mas a tendência é de fortalecimento nos próximos anos. A previsão é de que o mercado possa crescer 4,41% anualmente até 2021.
Colaborando com a pesquisa, o relatório “Tendências Mundiais de Alimentação e Bebidas 2017”, da agência de pesquisas Mintel, revelou que quatro a cada cinco brasileiros estão dispostos a pagar mais caro por determinado alimento, desde que ele tenha maior valor nutricional. 79% dos entrevistados já substituem produtos convencionais por outros mais saudáveis. Já para 44%, a preferência é por itens sem corantes artificiais. O estudo mostra ainda que 24% dos adultos brasileiros comeriam mais grãos integrais, como linhaça e quinoa, se soubessem como utilizá-los no dia a dia.
Os donos de restaurantes, padarias, lanchonetes e outros estabelecimentos gastronômicos do país também já perceberam essas novas exigências dos consumidores, como mostra pesquisa feita pelo Datafolha. Entre os 4.560 comerciantes entrevistados, 53% notaram um aumento na procura por frutas, 61% disseram que os clientes estão comendo mais verduras e legumes e 65% relataram que cresceu o consumo de sucos naturais.
Sem glúten e conservantes
De olho nessa fatia crescente do mercado de produtos naturais e orgânicos, diversas empresas buscam explorar esse potencial, que contribui com a economia e ajuda na saúde dos cidadãos. De acordo com informações do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), os empresários que almejam investir no comércio de alimentação natural devem prestar atenção nos alimentos sem glúten. No site, a instituição afirma que “a demanda por esses produtos vem aumentando a cada ano e o mercado atende a pelo menos dois tipos de público: pessoas que sofrem a doença celíaca e os que seguem dietas que restringem o consumo da proteína”.
Aproveitar o crescimento do público vegetariano também é mais uma ótima oportunidade de negócio de alimentação saudável. Uma pesquisa revelou que 15,2 milhões dos brasileiros se declaram adeptos do vegetarianismo, o que corresponde a 8% da população do país. A dica do Sebrae é sempre adotar boas práticas no processo de fabricação e armazenamento dos produtos, bem como utilizar os equipamentos de higiene pessoal na manipulação dos alimentos como roupas protetoras, luvas, toucas, entre outros acessórios.
Mudança de hábito
A advogada Ana Clara Antunes é uma dessas pessoas adeptas a alimentação mais saudável. “Há uns 2 anos resolvi mudar drasticamente. Parei de comer fast food e aquelas comidas industrializadas. O preço dos produtos naturais é um pouco mais caro, porém vale muito a pena”. Ela conta que a razão da mudança é para evitar problemas de saúde. “Eu estava com excesso de gordura no corpo, além de estar com o colesterol ruim e a pressão alta. Foi preciso essa reeducação para não ter complicações”.
Ela afirma também que devido a praticidade tinha preferência pelas comidas congeladas, como lasanha, pizza e batata frita. O refrigerante era um dos mais consumidos, principalmente na hora do almoço. “Agora, aqui em casa, só tomo suco natural. Toda semana compro as frutas e eu mesma faço. Nem precisa acrescentar açúcar. O gasto é maior do que se comprar o industrializado, mas é muito melhor pensar na saúde”.
Além das frutas, Ana Clara diz que verduras e legumes passaram a integrar suas refeições. “Procuro sempre montar um prato bem colorido e variar diariamente, com cenoura, alface, tomate brócolis e beterraba. No café da manhã, agora tem iogurte com granola, vitamina, pão integral e leite desnatado. Só tenho problema quando preciso almoçar fora de casa. Não há muitas opções de lugares com comida saudável. Os que existem, apesar de serem bons, cobram mais caro”.