É normal que os amantes do futebol concentrem atenção maior para os grandes jogos. As decisões das competições nacionais e internacionais costumam movimentar multidões, seja nos estádios ou por intermédio das espetaculares coberturas da mídia, tanto a tradicional, como, de uns tempos para cá, via redes sociais.
Entretanto, o futebol é muito mais do que só os grandes times e eventos. Em Minas, território imenso, onde o que acontece em determinada região, na maioria das vezes demora chegar em outra, flui com enorme interesse várias competições que reúne um bom público de cada local.
Por exemplo, temos representantes em todas as séries do campeonato brasileiro. Na B, o Boa, apesar de fazer uma campanha sofrível, merece o apoio dos torcedores de Varginha e entorno.
Na C, o Tombense da cidade de Tombos faz uma campanha interessante e arrasta grande torcida em seus jogos. Ao seu lado na mesma serie, o Tupi de Juiz de Fora, que faz campanha ruim, reúne sempre uma massa de torcedores.
Na Série D, o Uberlândia do distante Triângulo Mineiro, vem ressurgindo das cinzas, liderando o seu grupo e pronto para fazer bonito na sequência da competição. A Caldense da bonita Poços de Caldas também estava na disputa, mas infelizmente foi eliminada. O interessante é que várias emissoras de rádio, jornais e redes sociais das cidades sedes dos times, acompanham os jogos, deslocando profissionais pelos caminhos de Minas e outros estados. É uma cobertura difícil, complicada, cara, mas que leva a informação correta para o público, além de gerar emprego e renda para muita gente. Quem está na capital, nem imagina a importância do trabalho destes heróis da imprensa esportiva.
Recentemente tivemos a decisão do módulo dois do Campeonato Mineiro. Guarani de Divinópolis e Tupinambás de Juiz de Fora realizaram dois jogos, um em cada cidade, com muita festa e estádios lotados. Além de bela cobertura da mídia das duas cidades. O Guarani faturou o título, ficando o Tupinambás em segundo lugar. Ano que vem os dois disputam o módulo 1 do mineiro.
A partir de agosto vamos acompanhar o torneio mineiro da segunda divisão. Treze times do interior irão participar do desafio. Araxá, Athetic, Bétis, Coimbra, Minas Boca, Montes Claros, Passos, Ponte Nova, Pouso Alegre, Patrocinense, União Luziense, Nacional de Uberaba e Figueirense de São João del-Rei. A primeira fase será em turno único com todos se enfrentando. Seis como mandante, seis como visitante. Os quatro melhores ficam classificados para a o mata-mata. O campeão e o vice sobem para o módulo dois. É um campeonato apertado e racionalizado em sua fórmula, mesmo porque não existe dinheiro para organizar alguma coisa maior e melhor.
O interessante desta competição é que ela valoriza os jovens atletas, chamados de sub-23. Os clubes só poderão inscrever no máximo cinco jogadores acima da idade limite. Um janela importante para o surgimento de novos talentos.
Da mesma forma, estes jogos sem grande apelo na mídia, o que é natural, recebe cobertura das emissoras de rádio do interior e movimenta público razoável em cada cidade. Não rende dinheiro, mas alegra corações e aviva rivalidades. Tem sua importância do mundo alternativo do futebol. Sem essas competições, seria difícil surgir novos jogadores, técnicos, preparadores, árbitros, auxiliares e até mesmo jornalistas esportivos. É um celeiro que precisa ser preservado e valorizado.
Mas girando a bola para o ponto inicial, nossas atenções estão antenadas para a participação de América, Atlético e Cruzeiro na Série A, elite do futebol brasileiro. O sonho da conquista do título ou de fazer uma campanha surpreendente permanece forte na cabeça de cada torcedor. Por enquanto as dúvidas são muitas. O Cruzeiro ainda encara o desafio da Copa do Brasil e da Copa Libertadores. Sua torcida anda eufórica.
No meio de tudo isso, vem a Copa do Mundo. Nossa seleção já está nos preparativos finais. Contestada por uns, elogiada por outros, como sempre acontece, a famosa e vitoriosa seleção canarinho parece bem preparada para apagar o vexame da última Copa e pronta para levantar o troféu de hexacampeão do mundo. Fácil não vai ser. Mas é nos momentos mais críticos que os grandes mostram sua força.
Vamos então preparar o espírito e o coração. Se na política caímos no inferno, quem sabe via futebol dá para encontrar a porta do paraíso. Fique atento. Tem muita bola em jogo.