Dados liberados pelo Ministério da Saúde apontaram que a cada 10 jovens, 4 abandonam o tratamento da Aids, número que corresponde a 39% da população entre 18 e 24 anos infectada. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, no período de 2016 até o momento, 1.016 jovens que largaram o tratamento. Esse número foi o quantitativo de pacientes que não retiraram os medicamentos nos últimos 100 dias, o que é considerado abandono.
O infectologista Dirceu Greco explica o perigo disso. “O risco é que haja uma evolução do HIV e da infecção. O tratamento é feito justamente para prevenir que a pessoa desenvolva a imunodeficiência adquirida: a Aids”.
Greco acrescenta que abandonar a terapia pode agravar o problema e levar o paciente à morte. “Ela acaba por ter uma infecção mais grave e que pode ser fatal. Outra coisa é que, às vezes, a pessoa para de tomar o coquetel de remédio e depois volta. Isso pode fazer com que o vírus crie resistência a essa medicação e que ela não seja mais eficaz”.
Índices da doença
Hoje, a Aids atinge 23.516 pessoas no Estado. Desses, 3.447 foram infectados este ano. A coordenadora de IST/AIDS e Hepatites Virais, Jordana Costa Lima, conta que a doença ainda está presente na sociedade. “Temos que considerar e trabalhar com a prevenção. Estamos buscando melhorar o sistema de informação e o de diagnóstico do HIV. Atualmente, grande parte da população conhece o preservativo e sabe que ela é a melhor barreira para se prevenir. Não só a Aids, mas demais infecções sexualmente transmissíveis, contudo as pessoas, mesmo com o conhecimento, não se previnem de fato”.
Para ela, a conscientização é um trabalho extenso e que deveria começar na escola. “Vivemos em uma sociedade com dificuldade de infiltrar a educação sexual nas instituições de ensino. Paralelamente a isso, os adolescentes estão iniciando a vida sexual cada vez mais cedo. Temos que mudar esses conceitos e fazer a população entender que se usa o preservativo porque é uma maneira de se cuidar”.
Jordana diz que o Ministério da Saúde tem tomado medidas para impedir o crescimento do vírus, no entanto, apenas a conscientização que fará com o índice diminua. “Essa percepção é individual, corpo a corpo, dos profissionais da saúde, escola, pais, enfim, de todos nós”.