Doar é um ato voluntário que pode ser praticado por todos, não necessita de dinheiro e nem de muito tempo. Mas, muitas vezes, na correria do dia a dia, não nos damos conta da importância que esse gesto pode ter para quem precisa. Tudo depende apenas de uma atitude de solidariedade que pode salvar vidas, trazer esperança ou ainda devolver a alegria de alguém.
Encerrando a série de reportagens do “Setembro Verde”, vamos falar sobre a doação de sangue, medula óssea e cabelo.
Em Belo Horizonte, os estoques de sangue estão abaixo do necessário, segundo a psicóloga e captadora do Hemocentro de BH, Cintia Calu. “Estamos enfrentando uma queda de cerca de 40% nos grupos negativos e 30% no geral. É importante que as pessoas tenham em mente que não é possível fabricar e nem comprar em uma farmácia. Ele é um medicamento único e só por meio da solidariedade é que a gente consegue ajudar as pessoas que precisam”. Ela afirma que muita gente ainda não é doador por uma questão cultural e devido à falta de informação.
[table “” not found /]
Segundo a captadora, são retiradas de 400 a 450ml de sangue. “Com essa quantidade é possível ajudar até quatro pessoas. O homem pode fazer até quatro doações no período de 12 meses e a mulher até três vezes ao ano”. Cintia esclarece que a Fundação Hemominas possui vários programas educacionais. “Nós vamos em escolas, empresas e organizamos palestras para incentivar e informar as pessoas sobre a necessidade de ser um doador de sangue”.
O professor universitário Orlando Silva Junior, de 39 anos, diz que começou a doar sangue no ano passado. “É uma sensação de dever cumprido e uma satisfação muito grande saber que a gente pode ajudar a salvar vidas com esse ato extremamente simples”. Ele também é criador do aplicativo #PartiuDoarSangue e explica que a plataforma serve para conectar doadores a quem precisa de doação, além de gerenciar, controlar e fornecer informações sobre locais e requisitos para doação.
Um ato de amor
Assim como o sangue, a medula também necessita da doação de outras pessoas. De acordo com a médica do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), Danielli Oliveira, a maioria que precisa do transplante são pacientes com leucemia, aplasia ou algum tipo de linfoma específicos, e não tem doador na família. “A chance de encontrar um doador compatível na família, como, por exemplo, um irmão é de 25%. Dessa forma, os registros de doadores do mundo são uma alternativa”.
Atualmente, os cadastrados ultrapassam 4 milhões de pessoas e o número de pacientes no Brasil que buscam por um doador é de 850. “O que acontece é que a compatibilidade para o transplante é complexa, então a gente precisa ter muitos doadores para poder ter a maior variedade possível de possibilidades para que um paciente encontre um doador compatível. É um gesto de solidariedade e que você pode fazer em vida”.
[table “” not found /]
O Redome chama atenção para a importância de manter o cadastro atualizado. “No Brasil, cerca de 30% das pessoas, quando são identificadas como possíveis doadores, não são localizadas quando precisam fazer novos testes. A atualização é feita de forma online por meio do site. O voluntário pode ser chamado para efetuar a doação até 60 anos”. Ela lembra que para ser doador é preciso ter entre 18 e 55 anos e estar em bom estado de saúde.
O estudante Wesley Barbieri é doador de medula óssea. Ele conta que se cadastrou no Redome em 2009 e pouco tempo depois, recebeu uma ligação do hemocentro perguntando se ainda era voluntário à doação de medula óssea e o convocando para novos testes. “Foi a melhor experiência de toda a minha vida. Desliguei o telefone e pedi a Deus que desse tudo certo e que eu fosse mesmo compatível com quem quer que seja”. O rapaz foi 100% compatível com o receptor e o transplante foi realizado em junho de 2011. Passado alguns anos, Wesley diz que sente vontade de conhecer seu receptor. “Meus amigos ficaram tensos e muito apreensivos, alguns até me chamaram de louco e outros demonstravam muito medo, mas sempre me apoiaram em minha decisão”.
Doação de cabelos
Tão importante quanto o sangue e a medula, a doação de cabelo não dói e serve para a confecção de perucas que contribuem para levantar a autoestima de pacientes em tratamento contra o câncer. A estudante Juliana Dias, 26, descobriu a doença no ano passado e quando o tratamento de quimioterapia ficou mais intenso, os fios logo começaram a cair. E para minimizar os efeitos da perda dos cabelos, ela recebeu a doação de uma peruca. “Eu estava muito desanimada com tudo, mas quando me olhei no espelho usando a peruca, fiquei alegre. Foi muito emocionante. Ter uma boa autoestima é fundamental para ter forças para lutar contra a doença”. Ela diz que não teria condições de pagar pelo acessório.
De acordo com o Instituto Mário Penna, o tamanho mínimo da mecha para doação é de 21cm. Eles recomendam cortar o cabelo completamente seco e amarrar com um elástico para garantir que os fios não se soltem. É preciso colocá-lo em um plástico transparente fechado e identificado com etiqueta contendo nome, endereço, telefone e e-mail do doador. As doações de cabelo podem ser entregues em qualquer recepção das unidades do Instituto Mário Penna, de segunda a sexta, das 8h ao 12h e das 14h às 17h.
Hospital Mário Penna Av. Churchill, 230 – Bairro Santa Efigênia
Hospital Luxemburgo Rua Gentios, 1350 – Bairro Luxemburgo
Prédio Administrativo do Instituto Rua Gentios, 1420 – Bairro Luxemburgo
Casa de Apoio Beatriz Ferraz Rua Paraisópolis, 887 – Bairro Santa Teresa