A Páscoa dos belo-horizontinos pode ser mais doce este ano, segundo as pesquisas da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio MG) sobre a Expectativas do Comércio Varejista e Intenção de Consumo. Mesmo com a cautela por parte dos consumidores e empresários, devido ao cenário econômico, a análise aponta que 76,6% dos consumidores pretendem gastar até R$ 100. Em 2016, o balanço da data não foi positivo, porque o ticket médio de consumo ficou abaixo das expectativas dos empresários, não ultrapassando R$ 30 na maior parte dos estabelecimentos.
Em 2017, 74% dos empresários que oferecem produtos e serviços diretos para a época seguem com um pouco mais de otimismo, pois acreditam em vendas iguais ou melhores em relação ao ano anterior. De acordo com o levantamento, quase 30% das empresas do varejo de BH que atuam com chocolates, guloseimas e peixaria podem ter um impacto positivo no faturamento. A Associação Mineira de Supermercados (Amis), também aponta um crescimento de 12% nas vendas de chocolates, inclusive, em outros formatos, como barras, bombons, caixinhas etc e uma queda na procura por ovos de Páscoa.
Segundo o economista da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, o empresários que comercializam itens relacionados com a data devem ter um melhor desempenho e também alguns que oferecem outros tipos de serviços acabam se beneficiando com a festividade. “Percebemos que os comerciantes que atuam no segmento de combustíveis e lubrificantes também impulsionam suas vendas, devido as viagens decorrentes desse período”, conta.
Almeida explica ainda que apesar de alguns pontos favoráveis, é possível perceber que cautela, tanto da parte do consumidor quanto do empresariado, por causa de indicadores econômicos que ainda não reagiram.
A sondagem mostra uma postura de gastos moderados – 68,6% dos consumidores buscarão promoções e 28,2% preferem preços reduzidos. Na mesma direção, 35,0% dos empresários pretendem investir em promoções e liquidações para atrair o consumidor e 23,3% irão oferecer um atendimento diferenciado. Contudo, o economista instrui que os empresários devem ser minuciosos em relação as promoções. “A ação promocional não deve ser feita apenas para atrair o cliente, ela precisa ser realizada de maneira que não comprometa as finanças do estabelecimento”, alerta.
Mão na massa
Almeida destaca que houve um crescimento na produção de ovos de Páscoa artesanais nos últimos anos. Segundo ele, isso prejudica a venda dos produtos industrializados, contudo, há um aumento nas vendas dos insumos – matéria prima para a produção de ovos caseiros. A pedagoga e confeiteira, Elizabete Ribeiro Araújo, mais conhecida, como “Tia Beth”, faz ovos de Páscoa artesanal há 16 anos. Ela conta que começou como uma atividade extra, mas com o tempo tornou-se algo maior. “Também trabalho com confeitaria e é tudo sob encomenda, geralmente faço de 120 a 200 ovos nessa época”. De acordo com Beth, este ano, ela reparou que houve aumento no preço dos materiais para a produção. “Além do valor, também houve queda nas vendas, mas com criatividade conseguimos reverter”, explica.
Já para a confeiteira Nathalia Abdala, o ofício começou em 2012, quando decidiu que não iria mais trabalhar para terceiros. Ela começou a fazer trufas e brigadeiros para amigos e familiares, no boca a boca a sua fama foi crescendo. Em 2015, decidiu investir um foodtruck de brigadeiro gourmet. Contudo, devido à crise, durante a Páscoa do mesmo ano, ela não teve o retorno esperado. “Investi R$ 5 mil e ganhei R$ 6 mil, foi um valor muito pequeno se comparado ao trabalho envolvido. Já nos outros anos, o nosso faturamento foi bom, o menor valor líquido que já conseguimos nesta data foi R$ 9 mil”. A empresária diz que esse ano, o faturamento será ainda melhor. “Tudo que faço é com amor e de muita qualidade. Estamos nos preparando há 6 meses para a Páscoa. Minha expectativa era vender 500 unidades, mas já vendemos 1.500”, conta satisfeita.
De olho nos preços
Realizamos uma sondagem de preços dos ovos de Páscoa em um supermercado popular e em uma drogaria – além da menor quantidade de ovos em exposição, nos dois estabelecimentos os valores variaram de R$ 6,98 (produto mais simples) a R$ 49,90 (produto com algum brinde). Em relação as gramas de chocolate a variação foi de 65g a 330g, e durante a pesquisa nem sempre o mais pesado foi o mais caro, o atrativo de muitos é o brinde.
Obs.: (SC – não houve produto para comparação)
Em relação a produção artesanal, também fizemos um comparativo em uma loja de artigos para festas. Se a pessoa fosse comprar 8 ovos prontos de 100g sem brinde, ela gastaria em média R$ 187, já se ela fosse fazer em casa comprando os materiais (barra de chocolate de 1kg, forma, fita, embalagem, papel chumbo e bala macia – para colocar dentro do ovo) o custo seria de aproximadamente R$ 50. Contudo, neste caso, o custo-benefício deve ser avaliado, uma vez que é preciso disponibilidade e paciência para fazer o chocolate.