Desde o início da crise econômica brasileira, muitos postos de trabalho e empresas foram fechados
Desde o início da crise econômica brasileira, muitos postos de trabalho e empresas foram fechados. Segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O Estado mineiro encerrou 16.238 postos de trabalho em setembro (dado mais recente), somando as micro e pequenas empresas (MPE), médias e grandes empresas (MGE) e do setor público. O principal motivo do declínio foi setor agropecuário que extinguiu 15.542 mil cargos nas MPE e MGE. No ranking das MPEs, Minas Gerais ocupa o último lugar no saldo de vagas, com menos 9.314 pessoas empregadas, enquanto que Santa Catarina apresenta 4.021 postos de trabalho, liderando a lista.
Segundo a analista de inteligência empresarial do Sebrae Minas, Bárbara Castro, a economia do Estado é muito afetada pela agropecuária devido à grande atividade e negócios que dependem desse setor que é extremamente sazonal (relativo a estação do ano). “Estamos na época de entressafra de algumas culturas, especialmente do café, com isso, percebemos a redução das vagas, pois a colheita já foi realizada e os agricultores já estão se preparando para começar o novo plantio”, explica.
O setor da construção civil também contribuiu para esse saldo negativo em Minas, fechou 1.770 mil vagas e no país o saldo foi de -27.591 postos no segmento.
A analista prevê que a economia volte a retomar o seu ciclo de crescimento nos próximos meses. “Podemos observar uma melhora sutil nos indicadores de confiança em relação ao Produto Interno Bruto (PIB)”. Ela aponta que a estatística do Banco Central apresentou uma estimativa de redução de 3,33% no PIB para 2017. “É uma expectativa que não teve grandes projeções negativas, diferentemente do que era esperado, pois com esse número vamos seguindo esse patamar e criando uma estabilidade”.
Bárbara destaca que, ao longo dos últimos meses e no início do ano, a retomada da economia será gradual e vai levar um pouco mais de tempo para fazer efeito no mercado de trabalho em Minas devido ao fator sazonal.
Fôlego
Os negócios de micro e pequeno porte (com rendimento anual de até R$ 3,6 milhões) estão começando a gerar oportunidades. Segundo a análise dos dados Caged realizada pelo Sebrae Nacional, no Brasil o saldo de vagas oferecidas por companhias desse porte voltou a ficar positivo entre agosto e setembro (último dado do Ministério do Trabalho) atingindo 1.989 novas ofertas de trabalho, contudo o número é pouco expressivo se comparado as vagas fechadas pelas empresas de médio e grande porte que tiveram um déficit de 40.823 mil vagas.
De acordo com o estudo, os pequenos negócios concentram a maior parte dos trabalhadores e o levantamento de 2015 (dado mais recente) indicou que 54% dos empregados com carteira assinada estavam inseridos neste contexto.
Industria e serviços
Dados da pesquisa aponta que o setor de serviços gerou 11.827 novos postos de trabalho no país. Em seguida as micro e pequenas empresas da indústria de transformação (que transformam a matéria-prima) foi responsável pela criação líquida de 1.968 vagas. As atividades da indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos criaram 1.726 postos e a indústria de calçados mais 1.205 vagas.
O comércio também registrou participação na criação de vagas com um saldo positivo de 8 mil postos de trabalho. Em contrapartida, o resultado ainda é tímido se comparado ao total de vagas excluídas no Brasil que somou, de janeiro a setembro, 683 mil cargos.
O estudante de engenharia mecânica Tarik Alves, foi dispensado em fevereiro devido à redução de custos que a empresa realizou para driblar a crise. Há 9 meses ele faz ‘bicos’ com seu pai e cunhado. “Estou aguardando o final do ano para decidir em qual área vou seguir entre os planos que tenho”, respondeu o estudante quando indagado se existe um ‘plano B’ para essa situação. Para ele, a crise está longe de ter um fim. “Não vejo perspectivas de melhora nos próximos 2 anos”, conclui.
Evolução do emprego formal de algumas cidades mineiras de janeiro a setembro
Cidade | Contratações | Desligamentos |
Belo Horizonte | 287.496 | 318.892 |
Betim | 22.968 | 29.049 |
Contagem | 55.321 | 62.368 |
Nova Lima | 12.554 | 12.818 |
Ipatinga | 17.819 | 19.978 |
Montes Claros | 21.058 | 22.341 |
Uberlândia | 74.745 | 77.681 |
Lagoa Santa | 3.410 | 3.914 |
Juiz de Fora | 38.855 | 40.963 |
Vespasiano | 6.912 | 7.317 |
Fonte: MTE – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados