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Cirurgia plástica reparadora da mama é assegurada por lei

Mulher que precisa retirar o seio tem direito a reconstrução mamária

Durante o mês de outubro, acompanhamos a história de algumas mulheres que tiveram câncer de mama. Relatos de superação que mostram determinação, força e, principalmente, vontade de viver. Porém, em alguns casos, é necessária a retirada da mama, o que consequentemente abala a autoestima feminina. Justamente por isso, há 4 anos foi sancionada a Lei 12.802/2013 que obriga o SUS a fazer cirurgia plástica reparadora da mama. No entanto, a diretora da Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional Minas Gerais, Bárbara Pace, explica o porquê da dificuldade em colocar isso em prática.

“Apenas 19% das pacientes conseguem realizar a reconstrução de imediato, pois ainda não há um número suficiente de médicos aptos para o procedimento. Antes, esse processo era feita por um cirurgião plástico, enquanto que a mastectomia (retirada do tumor) por um mastologista, o que dificultava a cirurgia porque são dois profissionais em uma mesma intervenção. Hoje, os mastologistas estão sendo preparados para fazer os dois procedimentos, mas ainda há muito o que melhorar”, declara a diretora.

Bárbara esclarece que a reconstrução é muito importante para a autoestima das mulheres e que é preciso um trabalho para conscientizá-las disso. “Quando a paciente recebe o diagnóstico ela tende a querer ficar livre do problema, então a retirada da mama não é o maior problema, mas depois da cura surge a questão da aparência. É nossa obrigação mostrar a elas as opções de cirurgia mesmo porque 90% dos casos são curados. A cura é importante, mas a autoestima também é”.
Reconstrução

A estudante Natália de Castro foi orientada pelo seu médico a realizar os dois procedimentos de uma vez. “Eu tinha 29 anos e ele me disse que seria muito duro ficar sem o seio tão jovem”. Ela conta que o tratamento, a cirurgia e o pós-operatório foram fases tranquilas. “Eu me mantive muito positiva o tempo todo, meu organismo respondeu bem e não tive dificuldades além das limitações necessárias para recuperação”.

Natália diz que o apoio dos familiares e amigos foi fundamental para manter a autoestima elevada e superar as mudanças que a doença causa na aparência. “Tinha o cabelo longo e assim que comecei a quimioterapia decidi cortar, mas ele caía tanto que tive que raspar. Quem fez esse corte foi o meu marido e minha irmã. A gente levou tudo na brincadeira e o impacto foi menor. Depois eu passei a usar lenço, mas, por incrível que pareça, ele chamava mais atenção do que quando eu assumia a careca”, recorda.

Você não está sozinha

Para o mestre em análise do comportamento, Gustavo Teixeira, é preciso que a mulher se mantenha positiva. Ele explica que grupos que fazem acolhimentos são fundamentais em momentos como esse. “A troca de experiências é fundamental porque mostra para a paciente que ela não está sozinha e dá a essa mulher perspectivas em relação ao problema”.

É pensando nisso que o Projeto Dedicação, da Associação de Prevenção do Câncer na Mulher (Asprecam), presta o auxílio necessário a mulher que sofre dessa doença.

A gestora do projeto, Danusa Coutinho, relata que a mama é o símbolo de ser mulher. “Existe um valor muito grande relacionado ao tema. Por esse motivo, quando a mulher se vê com o câncer ela inicia um processo de desconstrução de sua feminilidade. Ela acredita que vai perder tudo: beleza, marido, trabalho, autoestima etc. Isso sem contar que muitas delas tem um medo tão grande que escondem o diagnóstico da família. Por isso é necessário esse acolhimento para que a mulher entenda a importância do projeto e, ao mesmo tempo, seja empoderada a passar firme por todo o processo”.

Danusa informa que é o próprio médico quem indica o projeto às pacientes.  “O mastologista explica como ele funciona, se ela quiser fazer parte, o voluntário vai entrar em contato e combinar o acompanhamento que pode ser feito em casa, por telefone ou em consultas coletivas”.

Ela conta que o projeto capacita um grupo de voluntários para acompanhar essas mulheres. “Há orientação psicológica e jurídica sobre o tratamento e benefícios que ela tem direito. Além disso, temos outro grupo que já passou pelo câncer e que compartilha as histórias.

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O Edição do Brasil apoia o Outubro Rosa e preza pela saúde da mulher. Ao longo dessa série de três reportagens que chega ao fim hoje, notamos que, apesar da mamografia ser indicada para mulheres acima dos 40 anos, todas as entrevistadas que foram vítimas do câncer de mama têm entre 27 e 35 anos. Portanto, fica o alerta de que não há idade para começar a se cuidar. Previna-se e coloque sua saúde em primeiro lugar, sempre!