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A vida não é artificial

Segundo especialistas, o emprego é em todos os continentes, o costume mais democrático de distribuição de renda, pois os salários pagos pelas empresas a seus colaboradores determinam o caminho da capacidade de reinvestimento do poder público, oportunizando com isso a democratização das riquezas de cada país. Os reflexos sociológicos desse assunto vão além de um exercício matemático. Ele está relacionado à própria supervivência do ser humano, que para se tornar livre, porém sustentável, precisa de se apegar aos escopos trilhados pela soberana humanidade ao longo de séculos no que diz respeito ao hábito da troca de serviços por moedas.

Agora, com o advento do isolamento social, ocasionado pela pandemia da COVID-19, o roteiro da vida daqui pra frente parece sugerir novos ditames. Assim, quem não se preparar para se adaptar ao mundo da tecnologia tende a sofrer revés nos afazeres do dia a dia, mesmo porque, os especialistas estão a propalar que a revelação da internet veio para mudar o mundo.

E novamente nos reportemos à questão do emprego. No Brasil, hoje são cerca de 13 milhões de desempregados ou subempregados. Só esse exército de desamparados representa uma população equivalente a Israel ou de muitos países da Europa. Corroborando com esses dados, retornemos aos números de uma pesquisa difundida pela PwC, reveladora da tendência mundial relativamente à força de trabalho. Uma média de 60% dos entrevistados estão preocupados, pois avaliam que a tecnologia vai colocar em risco seus vínculos empregatícios.

Na expressão do sócio da PwC, Marcos Pascoal, a automação de processos industriais e administrativos irá reduzir ou eliminar a intervenção do ser humano, deixando claro que muitas das profissões irão desaparecer em um cenário próximo. Aduzimos a esse comentário do representante da PwC uma informação veiculada no Edição do Brasil há cerca de um ano, indicando que, na próxima década, a cada 10 milhões de empregos instituídos pelo sistema da denominada inteligência virtual, seriam, concomitantemente, dizimados uma média de 12 milhões de postos de trabalho formais. É como se a vida das pessoas no Planeta Terra estivesse sendo acelerada à velocidade dos comandos da robótica.

Mas nos milhões de anos, a evolução dos povos se deu pelo método natural, diante dos preceitos e de luta por uma vida mais digna, por meio das conquistas paulatinas e determinadas por valores que atualmente estão sendo jogados no lixo, como se tudo acontecido nestes séculos de nada valesse a pena e as coisas só teriam sentido a partir de agora, mediante a inteligência artificial. Resta saber o que fazer para manter ativa a existência de todos os moradores urbanos, trabalhadores de aldeias e também das zonas rurais. Como preservar e sustentar os mais idosos que patrocinaram as biografias, inclusive de muitos que hoje propalam toda essa necessidade de se criar dois mundos, o de antes e depois dessa invenção moderna. Até porque, não há garantias de que a estrutura montada recentemente venha avalizar uma história mais interessante neste universo sem fronteira.

O ideal é que seja implementado um planejamento por parte dos idealizadores desse processo evolutivo da atualidade, sem se esquecer de encontrar uma maneira de proteger os valores até então balizadores da garantia da presença de todos em harmonia, com seus costumes e obrigações nos confins do mundo. Não apenas a tecnologia faz sentido, vidas humanas também interessam.