As cervejas artesanais já entraram no gosto do brasileiro e uma prova disso é o aumento da quantidade de fábricas desse produto. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Brasil teve 210 novas cervejarias registradas no ano passado, ou seja, um novo empreendimento a cada 2 dias. Dos 5.570 municípios brasileiros, 479 já possuem pelo menos uma registrada.
Os números mostram que esse setor segue em crescimento e manteve o aumento de 30% assim como nos anos anteriores, sendo que o ranking de Estados com mais fábricas não se alterou e o Rio Grande de Sul segue com a maior concentração: 186 fábricas de cerveja. São Paulo (165), Minas Gerais (115), Santa Catarina (105) e Paraná (93) completam a lista.
Já em relação ao aumento das fábricas, o índice mais expressivo foi do Espírito Santo, afinal o Estado fechou 2017 com 11 cervejarias e em dezembro de 2018 tinha 19, 72,7% a mais. Paraná (38,8%), Santa Catarina (34,6%), São Paulo (33,01%) e Minas Gerais (32,2%) também tiveram ampliações.
O presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Carlo Lapolli, diz que o mercado de cervejas artesanais já representa 2,7% do que é consumido e que, atualmente, o Brasil está passando por uma “revolução cervejeira”. “O consumidor está conhecendo e aprendendo a gostar das cervejas artesanais. Nós já somos o terceiro maior mercado do mundo e a abertura de novas fábricas é para justamente acompanhar essa demanda”.
Ainda de acordo com a pesquisa, o volume de registros de cervejas e chopes também foi destaque no período: 6,8 mil novos rótulos em 2018. O valor que supera outros mercados representativos, como o de polpas de frutas, vinhos e bebidas mistas; Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul tiveram mais de mil registros cada.
Para o ano de 2019, Lapolli acredita em novos números bons para o setor. “Mesmo com a recessão estávamos crescendo, então, agora, com a economia voltando ao normal, esperamos um aumento nas vendas ainda maior, porém ainda estamos esbarrando na burocracia. As grandes cervejarias não pagam nem a metade do imposto que os pequenos produtores arcam. A redução das tarifas é uma luta antiga que vai continuar neste ano”.
Emprego
De acordo com dados da Abracerva, as cervejarias com menos de 100 funcionários geraram 1.114 novas vagas de janeiro a dezembro de 2018 – número 20% maior do que as grandes indústrias, que determinaram 828 postos de trabalho. Estima-se que as cervejarias de 1 a 99 funcionários empreguem 3,6 mil pessoas no país.
Cervejarias no Estado
O sócio-fundador da cervejaria Krug, uma das mais tradicionais no Brasil e com 21 anos de atuação no mercado nacional, Herwig Gangl também está otimista com o mercado de cervejaria em Minas Gerais. “No ano passado, conseguimos um lucro 20% superior em relação a 2017. Para este ano, estamos esperando algo na casa dos 30%. Os produtos mineiros estão ganhando cada vez mais mercado, pois o consumidor aceitou bem e, por isso, há uma onda de novas microcervejarias. E a cada novo empreendimento, um novo divulgador das cervejas artesanais surge”.
Gangl acrescenta que há um mix de mais de 20 tipos de cervejas, no entanto, a mais apreciada pelos mineiros continua sendo a lager. “Nos últimos anos, houve um aumento no consumo das cervejas especiais, porém a tipo lager ainda representa mais de 50% das vendas totais”, finaliza.