Marcelo de Souza e Silva assumiu, recentemente, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH). Desafios e expectativas cercam seu mandato, que começa em um período de mudanças em todo o país.
O Edição do Brasil conversou com o presidente que analisou o cenário econômico nacional e estadual, assim como o início das gestões do governo de Romeu Zema (Novo) e Jair Bolsonaro (PSL). Marcelo está otimista, mas acredita que os gestores precisam começar a dar soluções econômicas a fim de devolver a confiança do consumidor e fazer a economia voltar de vez para os trilhos.
Como você avalia a atual situação econômica de BH e Minas Gerais?
Os mineiros e os belo-horizontinos estão com expectativa positiva com a entrada dos novos governos estadual e nacional. Isso porque nas tratativas das eleições já sabiam dos problemas e se propuseram a resolvê-los. Contudo, estamos finalizando o primeiro mês e acho que tanto Zema como Bolsonaro deveriam ter chegado com um ímpeto maior, apresentando soluções. A falta disso pode diminuir a esperança das pessoas, o que é ruim em um cenário macroeconômico.
Um exemplo recente foi o discurso de Bolsonaro, em Davos, que foi muito acanhado, todos tínhamos a expectativa de que ele chegasse com maior efetividade. Agora, estima-se que as reformas aconteçam e, talvez, o presidente trabalhando a questão legislativa, tanto na Câmara quanto no Senado, resolva logo essa questão. Além disso, os ajustes fiscais e o equilíbrio das contas públicas são importantes. Estamos acompanhando os números da economia e vemos Minas Gerais um pouco devagar e o Brasil com uma sinalização positiva. Acreditávamos que a probabilidade nas vendas de dezembro era em torno de 3% e confiamos que os números vão mostrar pelo menos 4 ou 5%.
O consumo das famílias é muito importante para movimentar a economia. Você observa um conflito entre esperar que a economia volte a andar e um aumento de salário mínimo inferior ao esperado e que, inclusive, pode diminuir o poder de compra das pessoas?
A gente tem que pensar no que é desejado e no que é possível. Mas podemos buscar um meio termo nessa questão para que não fique nem apenas no possível e nem na irresponsabilidade do que é desejado no momento em que estamos. A gente precisa, urgentemente, fazer com que a empregabilidade volte a ser um fator forte no Brasil, porque isso vai fazer com que a renda das famílias aumente. Deste modo, o dinheiro começa a circular e, consequentemente, elevar o consumo que está reprimido. Muitas pessoas pararam de comprar. A gente tem que fazer essa tratativa para que o ambiente melhore.
O acréscimo do mínimo ter sido abaixo do esperado impacta mais em cidades menores porque elas dependem muito disso. Nas grandes, o que pesa mais é a inércia. É preciso uma sinalização positiva e a movimentação dos setores privados e públicos. E isso está sendo retomado aos poucos.
O que falta para que a economia nacional volte a andar?
Começamos o ano de 2018 bem. O crescimento era pequeno, mas os números constantes. A inflação estava controlada, a taxa de juros num patamar aceitável, o desemprego diminuindo a passos lentos, mas havia uma crescente. Porém, a greve dos caminhoneiros atrapalhou porque causou um ambiente negativo e as pessoas ficaram para baixo com a falta de coisas básicas – o que nunca aconteceu. O brasileiro não é acostumado com isso. Logo depois vieram as eleições, ou seja, foi um período em que ficamos prejudicados.
Este ano teremos uma subida não tão íngreme, mas que vai nos levar a algum lugar. E nesse ponto a gente depende muito da definição das políticas macro e microeconômicas do governo federal, que irão trazer investidores internos e externos, fazendo a economia girar.
Quais são suas expectativas para os próximos anos à frente da CDL/BH?
Participo da instituição desde 1990. Entrei na CDL Jovem, de lá para cá adquiri muita experiência com a entidade e com os nossos associados, também participei de algumas atividades públicas no executivo, tanto no governo estadual quanto na Prefeitura de Belo Horizonte. Isso me deu uma preparação boa para assumir essa posição de presidente. Além disso, tenho comércio desde 1989 e sempre participei das atividades. Me sinto preparado e animado. Estou entrando em um momento de mudanças que vem trazendo um positivismo grande, tenho conhecimento e relacionamento com outras entidades empresariais que podem me ajudar a liderar todo esse processo para que consigamos cada vez mais conquistas.
O cenário brasileiro tem gerado muita desconfiança no consumidor. Como a CDL pretende estimular o mineiro a consumir sem medo do futuro?
Esse foi o período de crise mais longo que passamos na nossa história. A CDL vai continuar mostrando que o consumo precisa ser consciente. A gente não quer ninguém se endividando, pelo contrário. Essa expectativa é por causa dos números que estamos acompanhando, das ações que são feitas etc. A Reforma Trabalhista, feita recentemente, já ajudou um pouco, mas ainda tem que melhorar. Essas propostas do governo, tanto nacional quanto estadual, de simplificação, desburocratização, de uma carga tributária mais justa e de equilibrar as contas públicas também irão auxiliar o consumo.
A atividade de comércio e serviço é importante, pois que emprega mais rápido e faz com que a renda chegue às pessoas, criando um círculo virtuoso de brasileiros empregados, recebendo seu salário e consumindo de maneira eficiente. Hoje as lojas estão muito mais preparadas para receber o consumidor com um ambiente interno receptivo, treinamento dos vendedores, produto de qualidade e preço acessível, fornecendo ao cliente formas de pagamento que caibam no bolso e sejam satisfatórias.
Já existe uma ação para auxiliar os lojistas a continuarem girando a economia do Estado?
Falamos muito em melhorar o ambiente de negócios e isso é muito amplo. Desde a questão da segurança, do crédito fácil, tudo precisa de melhorias e temos esse comprometimento de fortalecer esse trabalho para que a gente leve até ao associado a condição de ter o seu negócio mais forte. Isso não existe sem uma interlocução com o poder executivo e legislativo. A CDL vai fazer isso com mais intensidade.
Eu já participei de várias ações da CDL com entidades em conjunto. Temos uma relação boa com os poderes constituídos e temos que fortalecer isso e trazer novidades. É importante mostrar que o comércio está descentralizado, as pessoas têm que perceber isso e que o cliente deve ser tratado como rei, afinal, ele está sendo disputado por vários concorrentes e vários meios, como as redes sociais, televisão etc. É preciso encantar o consumidor e a entidade quer ajudar os associados a atender isso da melhor maneira possível.