A liberação para saque de recursos do PIS/Pasep deve ajudar muitos brasileiros a sair do sufoco financeiro e colocar as contas em dia. Segundo uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito, 45% dos cotistas devem utilizar o dinheiro para pagar dívidas em atraso. No total, cerca de 28,75 milhões de cidadãos têm direito ao saldo das contas, totalizando uma injeção de R$ 39,52 bilhões na economia. O prazo para o saque termina em 28 de setembro.
Ainda de acordo com o levantamento, 14% dos brasileiros ainda não sabem se têm direito ou não ao recebimento do benefício e 10% desconheciam a informação de que o governo havia liberado os saques. Tem direito a sacar recursos, os trabalhadores de empresas públicas e privadas que contribuíram para o PIS ou para o Pasep entre os anos de 1971 e 1988 e que não tenham resgatado o saldo. Quem contribuiu após 4 de outubro de 1988 não tem direito ao benefício.
A aposentada Antônia Ferreira já efetuou o saque e tem destino certo para o dinheiro. “Vou quitar as contas de luz e água que estão atrasadas. O que sobrar pretendo comprar uma calça e uma blusa”. Quem também comemora o valor extra é o cozinheiro Roberto Avelino. “Meu neto consultou pela internet e viu que tenho uma boa quantia disponível. Veio em boa hora, pois estou passando por uns problemas de saúde e preciso comprar alguns remédios”. Ele diz que está atento ao prazo para retirar o dinheiro.
De acordo com José Vignoli, educador financeiro do SPC Brasil, os saques vão movimentar a economia e impactar milhões de pessoas. “A quantia é importante, principalmente nessa época do ano em que o dinheiro é sempre mais curto”. Sobre os dados da pesquisa, ele afirma que grande parte da população depende de crédito para consumir. “Por esta razão, muitos estão dando prioridade para resolver suas pendências. Quem está negativado busca limpar o nome para voltar a ter crédito na praça. E esse dinheiro acaba vindo em boa hora para que as pessoas possam fazer essa regularização”.
O levantamento também mostrou que 15% das pessoas pretendem usar o dinheiro para antecipar o pagamento de contas que ainda nem venceram. Para Vignoli, isso demonstra uma atitude de consciência financeira. “Estão entendendo que é preciso se controlar e fazer um planejamento. É um dinheiro extra que deve servir para quitar ou antecipar dívidas ou começar a fazer uma reserva financeira. No entanto, como ponto negativo existe 9% que vão simplesmente usar o dinheiro para outros fins, o que pode ser uma oportunidade desperdiçada”, explica.
Estímulo à economia
Assim como aconteceu em 2017, quando o governo liberou o saque de contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), a retirada de recursos do PIS/Pasep é mais uma medida para incentivar o crescimento econômico do país. O dinheiro extra estimula o consumo das famílias, fator responsável por mais da metade do Produto Interno Bruto (PIB).
O governo flexibilizou as regras para que mais pessoas tivessem acesso aos recursos. Até 2017, o saque era permitido apenas após os 70 anos ou em caso de aposentadoria, invalidez, morte e algumas doenças específicas. Em dezembro passado, a idade foi reduzida para 65 anos. Já em outra etapa do programa a idade mínima foi de 60 anos. Agora, na última fase, pessoas de todas as idades estão aptas a sacar.
Consultas e saques
Para o PIS, destinado aos trabalhadores de empresas privadas, o fundo fica depositado na Caixa Econômica Federal. Através da página www.caixa.gov.br é possível consultar se existe algum saldo disponível informando a data de nascimento e o CPF. No entanto, para ver os valores será necessário ter o número do PIS e cadastrar uma senha de internet. A consulta também pode ser feita nos caixas eletrônicos da Caixa utilizando o Cartão Cidadão.
Já o Pasep é destinado aos servidores públicos e fica depositado no Banco do Brasil. Para consultar a existência de saldo, basta acessar o site www.bb.com.br e preencher o número de inscrição do Pasep ou o CPF e a data de nascimento. O valor da cota não é informado de forma online, sendo preciso que o cotista compareça até uma agência do Banco do Brasil, portando um documento com foto, como RG ou carteira de motorista (CNH).