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Material escolar impacta no orçamento de 85% das famílias

Foto: Freepik.com

 

Uma pesquisa do Instituto Locomotiva, em parceria com a QuestionPro, revelou que o valor gasto com materiais escolares no Brasil saltou de R$ 34,3 bilhões em 2021 para R$ 49,3 bilhões em 2024, um aumento de 43,7%. Esse número reflete o peso crescente da volta às aulas no orçamento das famílias, que têm enfrentado desafios econômicos agravados pela inflação e outros custos elevados.

O levantamento, conduzido com 1.461 pessoas de diferentes regiões do Brasil, mostra que 85% das famílias com filhos em idade escolar são afetadas financeiramente pela compra de materiais. Aproximadamente um em cada três entrevistados planeja dividir os custos para poder arcar com as despesas do próximo ano letivo. A pesquisa também indica que, enquanto 90% das famílias com filhos em escolas públicas e 96% nas privadas pretendem comprar materiais escolares, os gastos com itens adicionais, como uniformes e livros didáticos, também impactam o orçamento dos pais.

O estudo também revela que a maior parte dos gastos com material escolar ocorre nas classes B e C, que, juntas, são responsáveis por 76% do total de despesas no Brasil. A classe C, especialmente, é a mais impactada, com 95% dos entrevistados afirmando que as compras de material escolar afetam o orçamento doméstico. 

Para a consultora financeira, Marcela Alves, o aumento no custo dos materiais escolares não é apenas reflexo da alta demanda, mas também das variações no valor de diversos itens, impulsionadas pela inflação e pelos custos de produção. “Os lares de classes econômicas mais baixas já enfrentam outros gastos elevados, como aluguel, energia e alimentação. Com a alta dos preços, a saída têm sido repensar as compras, optar por marcas mais baratas ou tentar reutilizar itens do ano anterior”.

“Além disso, algumas famílias recorrem ao mercado de segunda mão, comprando materiais de amigos e conhecidos ou mesmo produtos usados, como mochilas e estojos. As escolas, por sua vez, podem buscar formas de reduzir o impacto, como a adoção de listas mais enxutas e a negociação com fornecedores para garantir preços mais acessíveis”, completa.

Diante do aumento das despesas, muitas famílias optam pelo parcelamento. Aproximadamente 35% dos participantes da pesquisa indicaram que dividirão os custos para o ano letivo de 2025, com essa porcentagem chegando a 39% entre as famílias da classe C. No entanto, a maior parte dos entrevistados, 65%, prefere pagar integralmente. Entre as famílias das classes A e B, 71% afirmam que conseguem pagar tudo de uma vez.

A analista de dados, Sílvia Andrade, relata dificuldades para comprar os materiais escolares devido ao aumento dos preços. “Planejo pesquisar bastante e tentar encontrar estabelecimentos que ofereçam descontos. Esse ano está mais difícil, porque a alta foi considerável. A ideia é reutilizar o que ainda está em bom estado ou comprar de segunda mão, além de dividir as compras ao longo do mês para garantir que o essencial esteja na lista”.

Segundo a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE), o aumento nos preços dos materiais escolares é resultado da inflação, do incremento nos custos de produção, além da alta nos valores do frete marítimo e da valorização do dólar, que afeta diretamente produtos importados, como mochilas e estojos. Para 2025, a entidade projeta um reajuste de 5% a 9% nos preços desses itens.

Marcela ressalta que é importante evitar compras impulsivas. “Criar uma lista detalhada do que realmente é necessário pode ajudar a focar nos itens essenciais e prevenir gastos desnecessários com produtos que não serão utilizados. É essencial comparar preços em diferentes lojas físicas e on-line para encontrar as melhores ofertas, assim como participar de grupos de compra coletiva para adquirir em maior quantidade e obter os melhores preços”.